Dia desses estava em casa, na área de serviço, quando, vinda de uma das janelas do prédio, ouvi a voz de um homem. Era um pai que repreendia, com voz firme e paciente, seu filho. O pouco que pude ouvir daquela conversa me impressionou bastante. Rapidamente percebi a importância daquela conversa e observei 3 temas dos quais falarei agora.
Primeiro, quero destacar que aquele pai ensinava a seu filho a importante e imprescindível “lição do não”. Uma lição que toda criança deveria aprender o mais rápido possível em sua vida. Este aprendizado é importante porque é um aprendizado para a vida toda. Quantos NÃOS aquele menino há de receber durante sua vida? Talvez ele terá de ouvir o não de um grande amor, o não de um patrão, não de novos empregos, não à saúde, não à vida de um ente querido e muitas outras formas de não. A vida nos diz muitos nãos!
Talvez, naquele momento, aquele menino não pudesse perceber a preciosidade e dimensão daquela lição mas, no futuro, com certeza, saberá ouvir e aceitar com mais facilidade os nãos da vida, pois nem sempre podemos ter o que queremos. Quando dizemos não a nossos filhos, de uma forma convincente e moderada, não estamos sendo pais ruins, estamos sendo pais bons ao ensinar-lhes a valiosa “lição do não”.
Em segundo lugar, me impressionou a forma como aquele pai falava com seu filho. Ele conversava com firmeza, dizia profundas verdades, mas não gritava, não batia, nem humilhava seu filho. Aquela criança não chorava, não respondia, não gritava, nem batia o pé ou portas; ela ouvia calada.
Na sutileza daquele momento eu percebia que não havia irritação ou raiva, mas que aquele menino ouvia a veracidade das palavras de seu pai com respeito. Isso porque havia respeito naquele relacionamento.
É tão comum vermos pais que exigem respeito, mas que não respeitam nem um pouco seus filhos; pensam que gritar, bater e humilhar as crianças é uma forma saudável de educar. No entanto, para educar saudavelmente é preciso haver no relacionamento a correção com amor, a verdade com coerência, a repreensão com respeito.
E, em terceiro lugar, era o pai que repreendia seu filho, não a mãe. Temos de admitir que comumente é a mãe que conversa, corrige e disciplina seus filhos. Além de tudo, ele exigia que o menino acatasse quando também sua mãe lhe dissesse “não pode”. O pai ensinava o filho a respeitar sua mãe.
Como seria bom que os filhos respeitassem seus pais, os pais respeitassem seus filhos! Haveria muito mais harmonia nos lares, nos relacionamentos familiares. Haveria muito mais pessoas com um sentido de respeito e consideração aos seus semelhantes.
Talvez você esteja pensando que não devemos ouvir a conversa dos outros. É verdade, mas as vezes isso é impossível, quando moramos num condomínio. Talvez seja mais uma lição a aprendermos: não ouvirmos somente coisas negativas de nossos vizinhos, mas positivas também.
Simplesmente, achei linda aquela conversa entre pai e filho!
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Por: Elizabete Bifano