Construir um castelo cartas é uma brincadeira interessante, mas que requer muito trabalho, paciência e perseverança. É uma construção que ao mais leve vento pode fazer tudo desmoronar. Então, para tingir o objetivo de ver o castelo pronto não se pode desistir da construção. Para tanto, é preciso encarar a tarefa como uma brincadeira, mas também com seriedade, sabendo administrar e equilibrar sentimentos de impotência e determinação, irritação e paciência, desânimo e perseverança, desesperança e confiança. E assim é a vida. Ela deve ser construída com estes mesmos atributos, pois a vivemos com risos e lágrimas, paz e luta.
A construção da vida conjugal também podemos comparar a construção de um castelo de cartas. Tarefa lúdica e trabalhosa, onde se faz necessário colocar e recolocar cartas, com o objetivo de vencer as dificuldades, os problemas, os ventos contrários para vislumbrar com grande prazer o bom resultado do trabalho.
Princesa Aurora e príncipe Felipe são apenas personagens da história “A Bela Adormecida”. Na vida real nem sempre há príncipes e princesas, nem castelos deslumbrantes, nem um príncipe que vem salvar a princesa. “E foram felizes para sempre” é o fim que todos os casados almejam, mas ele não é mágico nem acontece com base somente no amor que se sente. Amor é ação (1Co 13.4-6).
Caso não haja o cultivo deste tipo de amor na vida conjugal, marido e/ou mulher corre o risco de vir a cantar a desconsolada canção infantil “O anel que tu me destes era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”. Embora queiramos representar o casamento com a dureza e beleza do diamante, não é bem assim que acontece. Ficamos sonhando com a perenidade da relação, mas dando anéis de vidro e assim fica a vida conjugal, oscilando entre a fragilidade e a resistência, entre o ideal e o real, ao longo da qual vamos descobrindo o que é e o que não é amor.
Quantas vezes ouvimos cônjuges descontentes, desesperados, magoados e até deprimidos, lutando, mas quase desistindo do caos que é seu casamento. Sem mais saber o que fazer, vai desanimando e tentando deixar de lado questões com as quais não sabem mais como lidar.
Vamos para a escola aprender a ler, escrever, fazer contas, construir corretamente frases e palavras e conhecer as ciências que regem o mundo. Mas não fazemos nenhum curso sobre casamento. A maioria das pessoas se casa sem sequer ler um livro sobre relacionamento conjugal. A única bagagem de conhecimento que levam é a vivência dos próprios pais, que pode não ser o melhor exemplo a ser seguido. Não é de se estranhar que ocorram tantos conflitos e problemas.
Para se ter uma vida conjugal saudável é preciso cuidar diligentemente dela, sabendo que sempre haverá fragilidade e ventos contrários.
É preciso buscar ajuda sempre alguma situação esteja saindo do controle.
É preciso que ela seja construída por um homem e uma mulher saudáveis, com um bom grau de maturidade, amor profundo e vontade insistente de fazer dar certo.
Quando feridas profundas forem abertas, ser capazes de encará-las e tratar essas feridas, a fim de amenizar a dor até atingir a cura e restauração.
Tudo isto não é nada fácil. Construir e reconstruir um casamento dá trabalho e gasta tempo. Mas não tem como ser diferente.
Se os cônjuges não estiverem realmente dispostos a isso, acabarão por dizer “O anel era de vidro” ou “O castelo era de cartas”. Quebrou, ruiu
Tão diferente dos votos e promessas feitas no altar
“Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza… Até que a morte nos separe.”
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Por: Psic. Elizabete Bifano