É muito comum ouvirmos piadas maldosas sobre as sogras. Muitas ficam magoadas, sentem-se atingidas pela brincadeira de mau gosto. Outras se divertem, sentem-se à vontade e até brincam também.
A Bíblia nos traz alguns exemplos de sogras. Quero destacar apenas dois.
Uma destas piadas sobre sogra diz que Pedro negou Jesus porque ele curou sua sogra.
Entretanto, o que observamos é que a sogra de Pedro era uma mulher querida, as pessoas pediram a Jesus que intercedesse por ela. Curada da febre alta, a mulher se levantou e começou a servir-lhes (Lucas 4.38,39).
Que mulher admirável! Nada de reclamações, nada de preguiça, nada de corpo mole. Jesus repreendeu sua febre e imediatamente ela se levantou. Ninguém veio bajula-la, não foi preciso, ela estava disposta a servir.
Outro exemplo admirável é o de Noemi. Pobre, sozinha e num país estranho, ela desobrigou suas noras de cuidar dela. Noemi não queria ser uma “persona non grata”.
Que mulher sensata! Sabia exatamente qual era seu limite no relacionamento com as noras.
Porém, as noras amavam Noemi e estavam dispostas a viver com ela. Tão grande era o amor existente que sua nora Rute recusou-se a deixa-la seguir sozinha. Desse fato resulta uma das mais belas declarações de amor relatadas na Bíblia (Rute 1.1-19).
Ser sogra não é mesmo uma tarefa das mais fáceis. Por melhor pessoa que sejamos, por melhor intenção, mesmo com todo o amor que sintamos, não podemos esquecer de que somos a sogra.
Portanto, temos alguns pontos a considerar:
- Não critique, antes elogie.
Críticas, ainda mais quando são frequentes e com ausência de elogios se tornam uma verdadeira pedra de tropeço no relacionamento entre sogras, genros e noras. Precisamos usar de sabedoria e ter a consciência que os mais jovens não sabem tudo mesmo. Nem nós, com toda nossa experiência de vida sabemos tudo! Quanto mais nossos genros e noras. Eles estão aprendendo e precisam de palavras de afirmação para irem crescendo na vida conjugal, nas tarefas domésticas.
- Não reivindique, mesmo que lhe seja de direito.
Lembre-se de Noemi. Ela se encontrava numa péssima condição de vida, mas sabia que quem cuidava dela era o Senhor. Ela sabia no interior de sua alma que o Deus de Israel, seu Deus, nunca a havia desamparado e continuaria a ser o seu refúgio e fortaleza.
Se precisar pedir algo, peça. Nunca exija, nunca desafie, nunca reclame; muito menos, nunca faça chantagens emocionais.
- Não interfira na vida do casal.
Não interfira na organização da casa. Não interfira na maneira como sua nora ou genro faz as coisas. Você sabe que a vida é deles, não é? No máximo, dê um conselho e, de preferencia, quando lhe pedirem.
- Não interfira na vida do/a seu/sua filho/a.
Quando nossos filhos e filhas se casam, passam a ter vida própria. O papel mais importante da vida deles passa a ser o papel de cônjuge. O papel de filho ou filha passa a ser secundário.
Há muitas mães que tem uma grande dificuldade de compreender isto. Parece que seus filhinhos e filhinhas serão eternamente delas. Não é verdade, não é isso que a Bíblia ensina. Leia Gênesis 2.24 e internalize esse mandamento de Deus.
- Não interfira na criação dos seus netos.
Muito cuidado, especialmente nesta área. Saiba respeitar o direito dos pais de seus netos. É deles a tarefa de educar e nesta tarefa eles devem disciplinar, corrigir os filhos. Resista a tentação de interferir e defender seus netos ou de desrespeitar uma regra colocada pelos pais.
- Ore pelo casal.
Tudo quanto você deveria ensinar a sua filha ou seu filho você já ensinou nos anos que viveu com ela/e. Sua tarefa agora é orar por eles. Orar constantemente e deixar que eles sigam sua vida.
- Ofereça ajuda em todo o tempo.
Se tem uma coisa que nós sogras devemos fazer sempre é servir. Assim como a sogra de Simão Pedro. E quando não precisarem de nossa ajuda, saibamos sair de cena, em paz e tranquilidade.
- Conheça seus limites.
Nunca exija a chave da casa de seus filhos. Se lhe for dada, use-a somente em momentos necessários e com permissão. Nunca entre sem tocar a campainha. Nunca telefone fora de hora –a menos que você esteja morrendo. Mesmo! Procure avisar quando quiser fazer uma visitinha.
Conta-se uma piada que a boa sogra é aquela que não more tão perto que vá de chinelos nem tão longe que precise de malas. Aprendamos a lição: numa ou outra condição o que temos a fazer é saber qual é o nosso lugar e por quanto tempo ir e ficar.
- Seja boa, simpática e agradável.
Ter de conviver com uma pessoa amável é um prazer. Ter de conviver com uma pessoa difícil é uma obrigação. Esforce-se para ser uma pessoa que cause sorrisos e não lágrimas. A presença da sogra deve servir de conforto, de consolo, de alívio. Converse de modo agradável com filhos e filhas, noras e genros. Seja atenciosa tanto com seus filhos e filhas tanto quanto com seus genros e noras.
- Se tiver de reclamar algo, faça-o com seu/sua filho/a, nunca com sua nora ou seu genro.
Jamais seja a causa ou motivo de uma desavença entre sua filha e genro ou filho e nora. Com certeza Deus não se agrada disso. Com certeza não foi com esse propósito que Deus nos concedeu esse papel.
Não tome partido de uma causa. Se de todo for necessário dar uma palavra mais dura, chamar a atenção, faça-o com amor e em separado, nunca com o casal ao mesmo tempo, pois isso pode criar entre eles um atrito, ciúmes, rancor. Procure ser sensata e ver o ponto de vista de ambos os lados, afinal, nunca a razão está de um lado só.
A sogra de Pedro e a sogra de Rute são exemplos dignos de serem seguidos. Viveram de maneira a serem respeitadas e amadas. Foram mulheres sábias.
Devemos ser sogras sábias. Devemos nós dar o exemplo primeiro de bondade, cooperação e harmonia. Mesmo que noras ou genros não o sejam. Afinal, nós é que somos os mais velhos. Portanto, mais vividos, mais experientes.
“ Façam todo o possível para viver em paz com todos.”
“Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.” (Romanos 12.18 e 14.19)
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Quem escreveu:
Elizabete Bifano
Psicóloga, terapeuta de casais, preletora na área de casamento e família. Escritora e membro da Equipe do Ministério OIKOS