Recentemente revi o filme “Terra das Sombras” (Shadowlands, 1993, ING) fala de solidão, rotina, casamento, amor, perda e encontro de si mesmo.
Torna conhecida parte da vida do escritor inglês C. S. Lewis. Quando ele conhece Joy Gresham, uma admiradora sua e ainda desconhecida poetisa americana, sua vida se transforma. Pela primeira vez ele encontra alguém que lhe questiona, instiga e desafia. Desafia-o a conhecer-se a si mesmo.
Num dado momento do filme, ele descreve o que vê; talvez por viver num país gélido e nevoento; talvez por sentir a vida assim: “Nós vivemos na terra das sombras. O sol sempre está brilhando em outro lugar. Depois de uma curva da estrada. Além do alto de uma colina”.
Aprofundar o conhecimento de si mesmo pode provocar dor, porém, promove um crescimento profundo. E é isso que passa a acontecer.
Depois que se vê pego pelo inusitado casamento, sem ainda dar-se conta de seus sentimentos pela esposa, ele abre seu coração a um amigo. “Como poderia ser ela minha esposa? Eu teria que amá-la, não teria? Eu teria que gostar mais dela do que qualquer outra pessoa no mundo. Eu teria de sofrer como um condenado com a perspectiva de perdê-la”.
Isso é bonito demais! Não é mais do que como deveria ser. No entanto, quantas pessoas há que vivem o casamento como a “terra das sombras”: não há sol, não há brilho. A felicidade está depois de alguma curva da estrada ou no alto de uma colina – difícil demais para alcançar.
Quando ficamos esperando pela felicidade, como se ela tivesse que surgir de um momento mágico, ela nunca nos acontecerá. Quando só é percebida em acontecimentos especiais, então, só raramente a desfrutaremos.
Um dos momentos mais belos e tocantes do filme se dá quando o filho de Joy, sentado diante de um antigo armário, guardado no porão, fica a olhá-lo, como se de dentro dele pudesse sair um mundo mágico. Porém, nada aconteceu, porque era apenas um armário e a vida era por demais real. Naquele momento o menino não podia vislumbrar qualquer sinal de encantamento, apesar de já ter acreditado nele antes. Quanta semelhança há disto em nós…
Um outro momento tocante acontece num curto diálogo entre o par romântico: “- Você está feliz? – Que tipo de felicidade? – Só feliz. – Sabe o meu tipo de felicidade? Ir a palestras e comprar o livro”. E eles riram…
Tão simples! A felicidade está onde a queremos encontrar; no que apreciamos fazer; com quem gostamos de estar; onde podemos enxergá-la.
Se as circunstâncias tiverem tornado seu casamento em “terras de sombras”, em primeiro lugar faça uma análise de você mesmo. Aprofunde o conhecimento a seu respeito, mesmo que provoque dor; porque será lindo quando você puder dizer: “Não quero mais estar noutro lugar. Não espero mais que nada novo aconteça. Não procuro mais a próxima curva, nem a próxima colina. Estou aqui agora… e isso basta”..
Seja especial;veja em seu cônjuge alguém especial. Ame, doe-se. Seja feliz e terá capacidade de dar felicidade. Se necessário, peça isto a Deus. Seu casamento poderá ser maravilhoso, quando você puder acreditar que “Um casamento de verdade é uma declaração perante Deus”.
Vale a pena conferir o filme. A dois.
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Por: Elizabete Bifano