Ao final de um dia tranquilo, durante uma das minhas caminhadas diárias pelas ruas que contornam a Lagoa de Araruama, em São Pedro da Aldeia, encontrei-me com Adam. Um homem de aparência simples, talvez um trabalhador da construção civil, Adam caminhava sem camisa, pés descalços, mas com um lindo buquê de flores em suas mãos.
Curioso e encantado pela beleza das flores, aproximei-me e cumprimentei-o com um caloroso “boa tarde”. Elogiei as flores e, sem resistir, perguntei seu nome. “Meu nome é Adam”, respondeu ele com um sorriso tímido. Intrigado, perguntei para quem eram aquelas flores. “Para minha esposa”, ele disse. Parabenizei-o pelo gesto e, ainda curioso, perguntei há quanto tempo estavam casados e como ele conseguira aquelas flores tão bonitas. “Sou casado há 14 anos”, ele explicou. “Vou colhendo as flores que encontro pelo caminho.”
Pedi permissão para tirar uma foto e segui meu caminho, mas a lição de Adam ficou comigo enquanto o sol se punha no horizonte.
Durante o restante da minha caminhada, refleti sobre aquele gesto de amor. Adam, um homem de recursos limitados, talvez sem condições de comprar um arranjo sofisticado, demonstrava seu amor de forma pura e genuína. Ao retornar para casa, ele colhia flores silvestres ao longo do trajeto, transformando o ordinário em extraordinário para sua amada esposa.
Enquanto terminava minha caminhada, percebi que fazia muito tempo desde a última vez que levei flores para minha esposa. Inspirado por Adam, decidi colher as flores que encontrasse pelo caminho e presenteá-las à Bete. Consegui reunir quatro tipos diferentes de flores e, ao chegar em casa, entreguei-as a ela. Seu sorriso e a felicidade que demonstrou foram inestimáveis. Ela ainda não conhece a história por trás das flores, mas descobrirá ao ler este artigo.
Adam me ensinou que, para fazer minha esposa feliz, basta ter a intenção de colher as flores que encontro pelo caminho de volta para casa. Naquele final de tarde, Adam me mostrou que as flores que escolhia não eram apenas presentes; eram expressões de um amor genuíno e constante, cultivado dia após dia.
Mesmo que não tenhamos a oportunidade de colher flores silvestres em nosso caminho de volta para casa, podemos encontrar maneiras criativas de surpreender e alegrar nossos cônjuges. Lembro-me de um artigo que li sobre o segredo para alcançar 50 anos de casamento. Um dos maridos entrevistados revelou que sempre levava para casa uma empadinha que sua esposa adorava. Talvez aquelas empadinhas tenham contribuído para alguns quilinhos a mais, mas certamente fortaleceram o casamento, permitindo que comemorassem bodas de ouro.
Gostaria de encontrar Adam novamente e conhecer mais sobre sua vida. Naquele dia, ele me ensinou que ser romântico é ser intencional. É parar e colher as flores silvestres que encontramos em nosso caminho, levá-las para casa e dizer à nossa esposa que a amamos.
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Por: Gilson Bifano