Genograma – O que é isto?

O Genograma é uma técnica utilizada em Terapia de Casal e Família que proporciona a oportunidade de identificar e analisar as repetições familiares. McGoldrick o define como uma “árvore familiar que registra informações sobre os membros de uma família e suas relações durante pelo menos três gerações”. O objetivo é compreender o que trazemos em nossa herança familiar.

O Genograma está ligado à Transmissão Transgeracional (Bowen), onde observamos a dinâmica do sistema familiar na interação entre as gerações. É importante que os noivos façam o Genograma, pois descobrirão o que existe em sua bagagem familiar ao observarem os valores, tradições e legados dos familiares que influenciarão o casamento positiva e/ou negativamente, já que as repetições acontecerão de forma inconsciente.

Cada cônjuge leva para o casamento sua bagagem emocional: tudo que foi aprendido e apreendido na família de origem fica registrado na memória emocional, que é completamente diferente da bagagem do outro, porque somos criados em sistemas diferentes. Por exemplo, a forma de lidar com finanças, educação, crenças e comportamento sexual. Constitui-se, então, um processo que não é exclusivo do casal, pois nele estão inseridas as famílias de origem de cada cônjuge, que são transmissoras de um sistema próprio que estará presente na formação do novo casal.

As diferenças, grandes ou pequenas, podem causar complicações nos relacionamentos. Bowen afirma que o indivíduo, ao se casar, acaba recriando, sem perceber, sua própria família de origem. Ao escolher o parceiro e criar vínculos afetivos, estará presente a influência transgeracional que é transmitida de uma geração à outra, pela bagagem genética, afetiva e cultural.

Para Satir, as pessoas procuram casamentos iguais aos dos pais por obedecer a um padrão familiar, mesmo sem desejar fazê-lo; é o efeito da repetição de um modelo aprendido.

Dificilmente um casal poderá estabelecer uma relação afetiva e sexualmente feliz se não se tornar independente dos pais e mantê-la desde os primeiros anos de casamento. É difícil se separar totalmente da família de origem e, para evitar que as famílias entrem em conflitos, é necessária uma atitude madura, primando por um relacionamento saudável, onde existam respeito e conscientização da bagagem herdada da família de origem por cada um dos cônjuges. A família continua sendo modelo para os relacionamentos futuros. É provável que as experiências sejam repetidas no que foi estabelecido com os pais e observado na relação conjugal dos pais.

O desafio é descobrir o que precisa ficar e o que deve ser retirado da “bagagem” individual, para constituir a “bagagem” do casal, avaliando o que é importante e essencial para a família que será construída, investindo na construção de um casamento saudável.

Através do Genograma, os casais estarão conscientizados das repetições que trazem em sua “bagagem emocional” através da Transmissão Transgeracional e habilitados para lidar com as repetições negativas e fortalecerem as positivas.

A construção de um Genograma é feita a partir da família nuclear, isto é, a família atual. É importante saber informações sobre os avós, tios e bisavós. As características pessoais de cada um devem ser pesquisadas (talentos, caráter, vícios, profissão, problemas de saúde, divórcios, etc.) e observar o que é repetido entre os membros da família.

Ao olhar uma foto de família, podemos observar traços físicos bem semelhantes entre seus membros. No genograma, é possível observar os aspectos que se repetem da mesma forma. Ao analisar com atenção a história de vida de sua família, é possível perceber repetições entre gerações. Momentos de sucesso, conquistas e fracassos precisam ser identificados tanto na área conjugal, financeira, educacional ou profissional.

Em cada história de vida há coisas boas e ruins:

  • Existe algo que se repete em sua família atual?
  • Quais são os aspectos positivos que gostaria de fortalecer e preservar na família que irá construir?
  • Quais são os negativos que gostaria de eliminar ou reeditar para uma forma mais positiva?
  • Surgiu algo muito doloroso que é preciso pedir perdão ou perdoar alguém?

Pode ser que sua história de vida tenha mais momentos ruins. É preciso reconhecê-los para superá-los através do perdão. Assim como Cristo nos perdoou, nós podemos exercitar o perdão através d’Ele. É bem melhor lidar com a situação do que ignorá-la, pois pode surgir somatização de sintomas.

O CASAMENTO E A BÍBLIA

“Por isso, deixa o homem seu pai e sua mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:24). A Palavra de Deus ensina sobre a necessidade de o indivíduo desvencilhar-se de sua família de origem para construir sua própria família; morar separados dos pais e não ser mais dependente emocional e financeiramente, obtendo recursos próprios.

O Pr. Jaime Kemp, missionário americano que trabalha com famílias há vários anos no Brasil, contou que sua família era campeã em divórcios e que fez um voto com sua noiva, Judith, de que “houvesse o que houvesse, eles não se divorciariam. Lutariam por seu casamento, pois convivera com a dor do divórcio de familiares”. Eles estão cumprindo o voto até hoje, casados há muitos anos. Conseguiram quebrar o padrão de repetição de divórcios.

CONCLUSÃO:

O Genograma nos retrata, com clareza, pontos obscuros contidos na Transmissão Transgeracional, onde são transferidos aspectos bons e ruins para as gerações posteriores, sendo que os ruins podem frustrar o sonho de realização no casamento. Cada indivíduo carrega toda a história da família de origem: Quem sou eu? Quem é você? Quem seremos nós?

Tudo que se vivencia na família – tradições, regras, valores, tabus, mitos, formas de lidar com finanças, preservação de casamentos ou constância de separações – que são diferentes do outro, porque cada um nasceu e se desenvolveu em um sistema diferente, poderá interferir na família que será construída, tanto nos aspectos positivos como negativos.

A conscientização destes aspectos na construção de um projeto conjugal é uma medida preventiva. Mediante isto, é importante preparar os noivos para uma aliança, consciente das crises que poderão encontrar ao longo da vida conjugal, investindo na saúde do casamento, para viver não um “amor eterno” que já vem pronto – pronto para morrer – pois está contaminado pelo germe da paralisação, mas sim um amor vivo, verdadeiro, pois o amor não é estático, ele necessita de movimento.

Lemos em 1 Coríntios 13 que “o amor jamais acaba”, porque “o amor é paciente e bondoso, não é egoísta, nem ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso, não é grosseiro, não fica irritado, nem guarda mágoas” e que “quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança”. Significa que é preciso ter maturidade, compromisso para enfrentar a “segunda parte” dos votos matrimoniais “tristeza, doença e pobreza” e honrar a aliança de amor feita no altar.

Não existe um “anel mágico” da felicidade, mas sim uma aliança de fidelidade, a qual só é possível quando a renovamos e investimos positivamente na conquista diária do outro. Quando o amor é verdadeiro, entrelaçado com o amor de Deus, existe uma aliança de fidelidade.

Acreditamos que a Técnica do Genograma seja uma medida preventiva que propicie uma qualidade de vida conjugal satisfatória para ambos os cônjuges. Este é nosso desejo e que Deus os abençoe concedendo sabedoria para a construção de um casamento saudável.
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Por: Nilson e Alcyone Couto

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