TV – Sua família sabe lidar com ela?




TV…O que fazer com ela? Apenas condenar seus programas, que são muitos, ou saber lidar com ela. Entre as duas opções, o autor do artigo abaixo vai ajudar você como lidar com a TV na sua
vida pessoal e familiar.

O SONHO REALIZADO:

A história de Marcos Antônio e Cláudia

Marcos Antônio e Cláudia são casados há seis anos. Eles têm dois filhos: Aline, com três e João Cláudio com seis meses. Ele tem 32 anos, é motorista de ônibus de uma empresa onde já trabalha há nove anos. Cláudia tem 28 anos, é formada em pedagogia e acaba de retornar da sua licença-maternidade – ela atua na rede pública de ensino municipal. Eles fazem parte da Igreja Batista do Amor, instalada em seu bairro, onde são membros atuantes. Depois de enfrentar as despesas iniciais de um casamento, de realizar o sonho de construir a casa própria e de custear as despesas do nascimento dos filhos, eles agora acabam de concretizar um velho sonho: vão poder mandar para o lixo o velho televisor, comprado ainda quando eram solteiros, e instalar na estante da sala um sofisticado aparelho de TV, comprado em 18 prestações mensais, com tela de 52’’, sistema de LCD e imagens em HD.

A COMPANHEIRA

A história de irmã Clarice

A irmã Clarice é diaconisa emérita da Igreja Batista Bereana. Tem 78 anos, é viúva e mora sozinha num pequeno apartamento de um prédio situado na rua da igreja. Durante muitos anos foi um dos esteios da igreja, mas agora, aposentada e com algumas doenças da velhice, quase não sai mais de casa. Suas idas à igreja se resumem aos primeiros domingos do mês, pela manhã, quando é celebrada a Ceia do Senhor e uma ou outra programação festiva. Como mora próximo da Igreja, recebe visitas freqüentes. Suas companhias mais constantes são o telefone, que a mantém em contato com as amigas e familiares – os filhos moram longe e quase não os vê – e a televisão, onde encontra enlevo e inspiração nos programas evangélicos e, vez ou outra, diversão nos programas de auditório com apresentadores que já faziam sucesso quando ainda era moça nova.

A CONEXÃO COM O MUNDO

A história de Mateus e Luana

Mateus é adolescente, tem 17 anos e está perto de terminar o ensino médio. Sua irmã Luana tem 15 anos, e está começando o ensino médio na mesma escola do Mateus. Eles fazem parte do grupo de adolescentes da Igreja Batista da Fé onde são integrados e ativos. Seus pais também são membros da Igreja, onde trabalham na EBD – ele é professor da classe de jovens e ela é líder do departamento infantil. Mateus e Luana têm uma agenda agitada – além da escola e dos adolescentes da igreja, eles têm o inglês, a academia e as aulas de música – todos dois tem talentos musicais e querem ser especialistas na área. O pouco tempo que sobra é usado para ver TV e para navegar na internet – onde também acessam muitas atrações do mundo da TV. E, nas poucas oportunidades em que todos estão reunidos – quase sempre precisam se dividir entre conversar, ver TV e comer alguma coisa.    

Situações como estas são comuns e é possível que você ou sua família vivam experiências parecidas. Em comum, o fato de todos serem crentes, atuantes ou integrados na igreja e, como a maior parte de nós todos – com boa parte de tempo separado para ver televisão.

Tempo demais

O tempo dedicado a assistir aos programas de TV no Brasil é considerável e nós gastamos em média incríveis cinco horas diárias vendo TV. Segundo levantamento do Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística publicado pelo site Consumidor Moderno (www.consumidormoderno.uol.com.br) “… o brasileiro assistiu uma média de 5 horas e 28 minutos de televisão em 2011. Nunca antes o público brasileiro passou tanto tempo diante da televisão. Os dados revelam um aumento de 9 minutos em relação ao ano anterior e uma elevação de 20 minutos em relação a 2008. Todas as faixas etárias e classes sociais registraram um crescimento no consumo de TV. A classe social que mais assistiu televisão foi a DE e a faixa etária que mais consumiu foi a de crianças entre quatro e 11 anos.”

Chama a nossa atenção o lado mais triste desta verdadeira tragédia: são as crianças que dedicam mais tempo para ver TV, chegando a superar a média diária, alcançando mais de seis horas diante do televisor.

A força avassaladora da comunicação de massa: Compreendendo o fenômeno televisão

Nem sempre nos damos conta de que a televisão é um fenômeno recente na história – afinal, foi inventada na década de 30 do século XX e sua popularização se deu a partir da década de 50 e, portanto, são apenas de 60 anos de (ruidosa) existência.

Para uma melhor avaliação deste fenômeno é preciso considerar que a TV se insere no que os especialistas da ciência da comunicação chamam de meios de comunicação de massa, o que significa que a televisão tem um altíssimo poder de difusão de mensagens, atinge milhões de pessoas instantaneamente e tem uma extraordinária capacidade de exercer influência na opinião, no gosto e nos valores aceitos pelas pessoas.

Assim, podemos afirmar que a TV ocupa um espaço central na organização social da atualidade e não é possível imaginar a vida sem ela. É verdade que novas mídias estão surgindo, tendo como base a internet e tudo caminha para a convergência de meios, mas não podemos esquecer que a TV ainda predomina como instrumento de mídia.

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra

A relação histórica entre os cristãos no Brasil e a televisão sempre foi marcada por conflitos. Da total rejeição, como se via nas décadas de 50 e 60 (em alguns grupos até meados da década de 70) à plena aceitação com a inserção de programas evangélicos em alguns canais, muito se lutou contra e a favor da TV no seio das famílias e igrejas.

Hoje prevalece uma postura mais equilibrada, que reconhece os benefícios da TV, mas não ignora que muito do que se transmite é contrário aos princípios e valores que aprendemos na Palavra de Deus.

Há coisas boas na TV

Nem tudo que temos na TV é ruim e de forma didática, podemos destacar:

  1. A TV é informação: Mais do que nunca, a televisão é a fonte de notícias e de informações dando a todos a condição de, instantaneamente, ficar a par do que está acontecendo. O noticiário da TV cobre o bairro onde moramos, a cidade, o estado, o país e, praticamente, todo o mundo. Pela TV ficamos sabendo, no exato momento, que uma guerra termina, um time se classifica, uma passeata irrompe a praça e um governo cai.
  • A TV é entretenimento: Bom e ruim. Especialmente para idosos, enfermos e crianças, a TV tem sido a companheira, suprindo (tristemente) uma lacuna deixada por filhos, parentes e pais. A TV proporciona enlevo com a transmissão de grandes concertos musicais, espetáculos da natureza mas, também, traz para a nossa sala a mixórdia dos programas de auditório, das novelas e shows popularescos.
  • A TV é difusão cultural: Embora, infelizmente, no Brasil esta característica não seja explorada a contento – aqui as TVS dedicadas à cultura têm zero de audiência nas pesquisas – há muitas oportunidades para quem quer ver programação de qualidade. Além dos canais de programação aberta, há diversas opções que ajudam a quem quer aprender e alargar os seus horizontes culturais.
  • A TV é utilidade pública: Uma rua obstruída por uma obra ou acidente; uma chuva que alaga ou inunda parte de uma cidade causando transtorno e até mesmo mortes; uma interrupção temporária no funcionamento do aeroporto da cidade; a oferta de um serviço de saúde ou de educação: estes e tantos outros exemplos desta natureza nos mostram o quanto a TV é importante e necessária para facilitar ou melhorar as nossas vidas.
  • A TV é interatividade: Com a explosão das redes sociais, mais que nunca há uma intensa participação nos espectadores na produção da programação televisiva. Episódios como a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011 nos mostram de forma clara a participação das pessoas na programação das TVs. A TV é cada vez mais conectada com a audiência e quem desconsidera isso fica falando sozinho.

Há coisas ruins na TV também

“Disso ninguém duvida” você pode estar pensando. A natureza imediatista da programação da televisão faz com que ela se torne prisioneira das soluções pragmáticas ou, em outras palavras, do apelo ao gosto popular. É por isso que os “enlatados” fazem tanto sucesso: são bons para os exibidores e são apreciados pela audiência.

Há ainda a pressão pelos bons índices de audiência, que trazem consigo maior faturamento, que por sua vez gera condições para a contratação de profissionais mais qualificados, melhores recursos técnicos e cenográficos, etc.

A conseqüência é a que todos conhecem: pressionados, os produtores saem um busca das atrações populares e, nesta procura, abraçam o que vêem: programas apelativos, com altas doses de violência, sensualidade e atrações que se destacam pela extravagância e pelo bizarro.

E a família, como fica neste cenário?

A família cristã, inserida neste contexto, não pode simplesmente ignorar a realidade ou fazer de conta que não tem nada a ver com ela. Já vimos que a TV ocupa um lugar central na vida de nossa sociedade e não é negando a realidade, tal qual avestruz, que resolveremos qualquer situação.

A família precisa encarar com sabedoria, serenidade e firmeza estas questões e, estribada nos preceitos da Palavra de Deus, estabelecer uma relação de uso para com a TV que seja benéfica para todos os seus membros.

Algumas questões que a família deve considerar:

  1. Comportamento: a TV reflete a sociedade ou a sociedade repete a TV? – Não podemos simplesmente ignorar a influência da TV nos costumes, no comportamento e nas opiniões das pessoas, especialmente das crianças. Entender que a televisão persuade, ensina, doutrina e molda é fundamental para estabelecer uma postura crítica em relação à sua programação.
  • O que a TV oferece na programação para os adultos – Filmes, novelas, ‘reality shows’, programas de auditório, programação esportiva e de entretenimento: há opções para todos os gostos. A família deve estar alerta em relação a dois aspectos: programação para adultos é para adultos! Portanto, nesta hora, nada de crianças na sala! E o segundo é pensar que, só porque você é adulto, precisa ou deve mesmo ver esta ou aquela programação?
  • A qualidade da programação infanto-juvenil – Aqui está o problema mais sério de todo este processo: o tipo de programação que é oferecida pela TV para as crianças. A fragilidade delas, pois ainda não desenvolveram plenamente a sua capacidade crítica; a abertura das crianças para a fantasia e para o mágico; a disponibilidade de tempo (são elas que gastam horas e horas diante da TV) são algumas das questões que precisam ser consideradas e resolvidas. Tristemente vemos em programas infantis homens travestidos de vovós; personagens masculinos de desenhos animados que, com freqüência se vestem como mulheres; bonecos de sexualidade indefinida… a lista é grande e dolorosa.

O que fazer?

Já dissemos que este é um desafio para cada família. Talvez a resposta esteja em uma atitude inicial, simples, mas fundamental e necessária: é preciso assumir o controle do controle remoto! A TV deve servir à família e nunca o contrário. Para tanto, sugerimos algumas ações práticas que podem ajudar:

  1. Mesa redonda – reúna a sua família, verifique o tempo que estão gastando em torno da TV e conversem fracamente sobre o que é possível mudar ou o que é desejável mudar;
  2. Estabeleça prioridades – Nem tudo deve ser visto, nem tudo precisa ser visto e, no que pode ser visto, nem tudo é necessário ver. Criem, em família, os critérios de seleção apropriados para todos.
  3. Viva a vida – A televisão é realidade virtual. A vida está lá fora. Não deixe de ler, de estudar, de fazer novas amizades, de cultivar a sua vida espiritual, de trabalhar, enfim, de viver!
  4. Avalie sempre os hábitos de sua família – As pequenas coisas, as atitudes simples e os hábitos que não damos muita atenção, são, na verdade, as fontes dos nossos maiores problemas. Esteja sempre atento e não deixe que hábitos aparentemente inofensivos destruam a paz do seu lar, roube o seu tempo e faça de sua vida um fracasso.

E, por fim…

Guarde em seu coração a recomendação da Palavra de Deus: “Por último, meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente. Ponham em prática o que vocês receberam e aprenderam de mim, tanto com as minhas palavras como com as minhas ações. E o Deus que nos dá a paz estará com vocês.” Filipenses 4.8-9 (NTLH)

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Por: Gilton Medeiros

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