“Kramer x Kramer” é um antigo, mas bom clássico do cinema. Dirigido por Robert Benton, tem Dustin Hoffman e Meyl Streep como os atores principais.
Ted não percebe os sinais de que seu casamento não vai bem, tão envolvido que está com o trabalho. Numa noite, ao chegar tarde em casa, Joanna, sua esposa, está de mala pronta. Entrega-lhe as chaves da casa e algumas tarefas a cumprir e se vai. Olhando pela janela ou esperando um telefonema, alguns dias se passam para que ele perceba que ela não vai voltar.
Esta é a realidade que muitos cônjuges enfrentam e que é apenas a primeira fase a ser vencida após a separação: a conscientização de que o que está acontecendo é um fato real.
Para amenizar um pouco a dor e solidão do abandono, uma coisa importante se faz necessário entender: muitas pessoas se separam por causa de crises pessoais e não só, como se pensa, pelas crises do casamento. Joanna é um bom exemplo disto. Quando retorna, meses depois, havia conseguido arranjar trabalho e ter feito terapia. Pergunta-se: Por que ela não pode fazer isso sem ter de abandonar marido e, principalmente, filho?
Para Ted, começa o grande desafio de criar o filho sozinho. Aos poucos ele aprende a dar conta das tarefas do dia a dia e de ser um pai presente e amigo.
Esta também é uma das fases pela qual o divorciado precisa passar: a readaptação da vida. Quando um cônjuge se vai, o outro fica com todas as tarefas da vida comum para fazer sozinho. Adaptar-se a tudo isso é uma tarefa difícil.
Além de suas dificuldades pessoais, Ted ainda precisa ajudar Billy, seu filhinho de 7 anos a lidar com o abandono que sente. Numa noite, ao colocar Billy para dormir, após um conflito que tiveram, a criança lhe pergunta: “Por isso a mamãe foi embora. Porque eu desobedeci?” E o pai passa a explicar que a culpa era dele por não ter dado a atenção que a esposa precisava. Quem dera todos os pais separados fizessem assim! Pois esta é mais uma das fases a ser elaborada com a separação: a dor dos filhos. Como fazer uma criança entender o real motivo pelo qual o pai ou mãe foi embora? Para a criança fica um real sentimento de abandono e culpa. É necessário conversar com a criança e ajuda-la a entender que a culpa é dos adultos envolvidos na questão. É necessário assegurar à criança que mesmo aquele se foi a ama. Por mais que o cônjuge abandonado esteja magoado e revoltado, não pode colocar mais esse peso na criança. Já basta a dor que ela está sentindo pela perda.
A disputa que se passa no filme para ver quem vai ficar com Billy é a mesma que muitas vezes se enfrenta na vida real. E o que Ted diz para Joanna é o que todos os pais deveriam dizer: “O importante aqui é o que é melhor para o nosso filho”. Em outro episódio, a maneira como Ted conta a Billy que ele irá morar com a mãe é muito interessante, pois não denigre a imagem da ex-mulher nem faz o filho se sentir dividido.
A despedida dos dois é emocionante, mas quando pensam que vão se separar, um ato de sensatez muda o final da história.
Vale a pena conferir. É um belo e instrutivo filme.
**************
Por: Elizabete Bifano