Uma das boas coisas das férias em família é a oportunidade de assistir a mais filmes juntos do que de costume. Um dos que assistimos foi “Na Era do Gelo” – um despretensioso e divertido desenho animado que, aos olhos dos mais atentos, faz pensar.
Algumas coisas chamam a atenção e revelam uma grande verdade. Uma delas é que, quando alguém na família é ferido, magoado ou entristecido, tende a se fechar. Assim aconteceu com o mamute da história – tendo perdido a família, ele caminha sozinho e solitário, necessitado de curtir sua dor e temeroso de envolver-se emocionalmente e perder novamente. A primeira lição que se pode tirar do filme é que, quando pessoas perdem seus entes queridos, precisam de tempo para elaborar o luto, curar a ferida emocional, até estarem prontas para abrir seu coração de novo. Erroneamente, as pessoas acham que ajudam quando insistem para que a pessoa enlutada deixe de chorar e lamentar a perda. Tal atitude é prejudicial, pois o que a pessoa precisa é de alguém que fique a seu lado e lhe permita extravasar a dor.
Duas frases me chamaram a atenção no filme. Uma delas foi: “Que manada esquisita somos nós”. E era um grupo esquisito mesmo. Parecia não se combinar em nada. Mas não é isso que muitas vezes presenciamos na realidade – famílias esquisitas, casais esquisitos, gente esquisita? Entretanto, não deixam de ser família por serem diferentes. Aliás, nenhuma família é igual a outra, nem se pode ter a pretensão de ser. Cada família cultiva hábitos, comportamentos e atitudes particulares, que são determinados pelo jeito de ser de cada um, pela “herança” que os casais, cada um em particular, trouxeram de suas famílias de origem e que, na junção, forma um outro jeito de viver em família.
As famílias precisam se preocupar mais em descobrir a beleza que há na diferença dos membros de sua família. Comumente, encontramos esposas querendo que seus maridos sejam iguais a outro marido que conhecem, maridos comparando suas esposas com outras esposas conhecidas, pais criticando seus filhos por não se comportarem como os filhos de amigos e parentes, filhos revoltados porque seus pais não são como gostariam que fossem. Isto é lamentável porque se perde a oportunidade de enxergar a beleza que há no interior e na diferença de cada um.
A segunda frase que me chamou a atenção foi dita pela preguiça, que desenhava sua própria figura nas paredes de uma caverna. Alguém lhe perguntou o que fazia e ela respondeu: “Estou me colocando na história”. Todos temos uma história, estamos participando de uma história e construindo uma história. Para terminar, deixo duas perguntas: Qual é a diferença que você está fazendo na construção de sua história familiar? Mesmo que você faça parte de uma família esquisita, a marca que você está deixando está sendo positiva ou negativa?
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Por: Elizabete Bifano