A união das famílias

Os noivos quando entram para o casamento, entram para uma comunhão no âmbito da alma. Essa afirmação nos remete a pensar em sentimentos e troca de relacionamentos que formam um vínculo de pessoalidades. A unidade no relacionamento conjugal se explica, por ambos serem um. O princípio que celebra essa unidade, não anula a personalidade do homem e da mulher ao casar. Eles levam para o relacionamento conjugal os hábitos, os costumes, os sentimentos, os comportamentos sedimentados e o convívio da família de origem.  Como abrigar essas diferenças depois que decidiram pela vida a dois?

 O casamento não anula as personalidades, então, cabe aos noivos acrescer aos seus valores, um saber que venha ajudá-los a administrar questões importantes como: o desafio de manter a união das famílias de origem. No objetivo de cumprir essa tarefa, alguns parâmetros reconhecidos e eficientes podem ser adotados para nortear o processo.

A convivência das famílias com os noivos não acontece por mera casualidade. As famílias tendem a se convergirem para o casal, esse fato abre uma porta para a união. Os noivos já têm a seu favor o conhecimento dos pontos fortes e fracos de suas famílias. Eles conhecem os anseios, as necessidades e sabem das expectativas que cercam cada um, conhecem seus valores e a cultura sedimentada na família.

Os noivos podem usar esse conhecimento e fazer a diferença na construção da união das famílias. Isso dá trabalho e exigirá um aprendizado em mudanças no seu estilo de vida. A família é uma organização em busca de resultados. Esses resultados virão mediante o reaprender a fazer as reflexões necessárias. Sem reflexão, os elos de causa-e-efeito não são totalmente percebíveis.

Qual é o ponto em questão? Como os noivos poderão corresponder ao desafio da união da família de origem? O processo exigirá dos noivos uma ação voluntária, um sentimento maduro e de consciência que venha promover uma atmosfera familiar, por sentirem-se adequadas para isso. Ambos sentirão ter habilidade e a força necessária para cooperar na promoção dessa atmosfera agradável, sem pressão, sem tensão, sem desgaste.

A atmosfera agradável da família sofrerá o confronto, que trará desgastes, e suas vias de acesso podem ser: a independência de quem escolheu não jogar no mesmo time, mas viver e usufruir da mesma cobertura e todos os bens que ela traz, e por vezes, se negar a participação no sustento e no processo. Outra via é o medo da proximidade por causa das tensões. A timidez é uma via que prejudica a convivência na família. Os tímidos temem a desaprovação, fogem diante das ameaças, desistem das lutas, se deixam vencer. A via da incapacidade de dialogar revela um problema na comunicação e traz conseqüências.

Uma via sinuosa de curva mortal inapropriada ao projeto da união vem da idéia conclusa, unilateral, egocêntrica, desprovida da verdade sobre relacionamentos que é a afirmação: “eu me casei com o (a) filho (a) e não com a família”. Bom seria que fossem as duas coisas, porque o ganho por “casar” com a família e muito maior, que o ganho da idéia conclusiva, desagregadora da unidade familiar, que tem poder de provocar divisão.

O que fazer pela união da família? Os noivos precisam crescer construindo um estilo de vida, à luz da Palavra de Deus, que brilhe e irradie a graça aos outros. Nesse crescimento haverá ajustes tais como: Os noivos deverão estar juntos andando em acordo. “Como andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo” (Amós 3.3). Desse modo, Deus vem trabalhar nos projetos do casal. Deus responderá a unidade da oração e o céu virá a favor da família.  O céu não começará a fazer as coisas. O céu obedecerá à oração na terra. O sucesso da união exige que se caminhe por fé nas promessas de Deus. “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam” (Hb 11.6).

O que mais pode ser feito: entender o princípio da aceitação, da admiração e da dedicação. As três coisas culminam na consagração, devotamento, abnegação, disposição de servir, desvelo, zelo, diligência ou esforço ou cuidado ativo em cumprir deveres. O casal tem o dever de zelar pelo bem estar do aspecto físico, espiritual e social das famílias. Essa é uma via de mão dupla. As famílias do casal devem ter de igual forma, essa mesma dedicação. A dedicação tem raízes que a sustenta, tais como: o serviço. Em família trocamos trabalhos. A prioridade. A preferência que é um sentimento de cortesia e também de nobreza.

O que pode redirecionar os esforços dos noivos e qualificar a união da família de origem, não cai do céu, de mal beijada. É fruto do ouvir, do observar, do conhecer, do conviver, do resguardar-se das opiniões infelizes, do falar e ouvir inteligível. Do aproximar-se de Deus concentrando seus pensamentos e decisões na Sua presença. O ponto final desse trajeto é a união substanciada. Não creio que Deus apenas determina o ponto final desejado desse processo. Ele dará a bênção, mas o pedir, o buscar e o bater é com você.

Algumas intervenções que podem ser adotadas para ajudar na construção da união familiar.

Traga a presença de Deus à família.
A imagem real das famílias é que elas estão ameaçadas de destruição. Inicie o processo trazendo de volta a presença de Deus na sua vida pessoal e depois familiar.

    Comece com o básico.
    A identidade de um crente é o amor. Foi por amor que Cristo veio ao mundo. O que pode levar uma pessoa a se doar pela outra? O amor. “O amor tem a capacidade de unir as pessoas, estimulando-as a trabalhar lado a lado, incansavelmente, em prol das tarefas mais árduas, conferindo esperança suficiente para arrancá-las das situações mais terríveis”. (STEINER. 1998, p.176).  

    Não mate a sua vocação.
    Os noivos não podem se resignar a viverem infelizes. A auto-realização é um direito de todos, desde o nascimento. Ainda que não lhe pareça fácil aceitar e afirmar as diferenças que soam como buzinas nos seus ouvidos na relação familiar que são desgastantes, saiba que sobre eles, pode surgir um entusiasmo e essas relações serem um tempero amoroso ao sabor da vida e da união na família.

    A melhor tarefa é compreender.
    Comece por aceitar a territorialidade do outro, que é o espaço de reserva pessoal: A casa, os gostos, os pensamentos, os sonhos, tudo o que seja “meu”. Compreender, se interessar e cooperar nas demandas pessoais terá um resultado absolutamente positivo.

    Intercâmbio colaborativo de idéias.
    Os noivos se capacitam, ganham e transferem conhecimento participando de grupos do mesmo interesse, isso é investir na capacidade de ação dentro da família. Serão capazes de refletir e interpretar os resultados de seus atos e passam a agir de acordo com suas convicções.

    Reunião como família.
    É a experiência advinda da mesa, que é um ponto convergente de toda a família, negligenciado, ao logo do tempo, devido à corrida frenética de seus membros, em defesa do sustento, do estudo, da alimentação, da saúde e outros. A mesa continua sendo uma simbologia do prazer, das conversas, dos risos. Os noivos são convidados a levar suas famílias para a mesa.

    Quem ganha e quem perde com a relação: noivos e família de origem? A princípio, a idéia é de que todos ganhem. Nas ações apresentadas, alguns papéis podem ser desempenhados, sendo eles incorporados na aprendizagem que culmine para o objetivo.

    Ressalto que o volume dos problemas em família pode crescer. Para os noivos será um desafio e uma responsabilidade manter o rumo com equilíbrio, como quem pega no arado, não perdendo o controle da reta. Quando necessário, interagir com os demais envolvidos no processo, falando do seu pensar que produz correção do desvio. Ambos devotados ao amor, para harmonizar todas as aptidões e dar-lhes um forte impulso estimulante.

    Mesmo que as coisas estejam funcionando, não se assegurem de que tudo vai bem! Por segurança, antes que a família perca a alegria da mesa, corram para cruz! Resgate a cruz em seu lar. Resista o magnetismo da maioria que serve de empecilho a uma vida cristã madura e altruísta. Guarde nos seus corações a Palavra de Deus e o Espírito do Senhor terá o cuidado de lhes ensinar todas as coisas.
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    Por: Pr. Washington Luiz da Silva

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