Por todos os lados, em todas as mídias, vemos e ouvimos sobre autoestima. A ela são colocados vários atributos, tanto bons quanto ruins. Isto por que autoestima é a apreciação que uma pessoa faz de si mesma em relação à sua autoconfiança e seu autorrespeito. Muito se fala sobre autoestima, porém na grande maioria das vezes o seu significado não é compreendido corretamente. Para algumas pessoas é simplesmente gostar de si mesmo. Outras a confundem com egoísmo, presunção, arrogância. Às vezes esses termos se entrelaçam de tal forma que acabam causando confusão em seu entendimento.
Autoestima elevada é a condição vivida por pessoas que se sentem seguras, que sabem aceitar um elogio, uma crítica, sentem-se apoiadas, autoconfiantes, não vivem em conflito e não são ansiosas e inseguras. Não é uma autoconfiança exacerbada e egoísta, mas um sentimento de que apesar das circunstâncias ela tem valor pessoal. Em contrapartida, a baixa autoestima é o sentimento que se manifesta em pessoas inseguras, criticadas, indecisas, tristes, afastadas do convívio com outras pessoas, mal humoradas, que reclamam de tudo se acham vítimas das situações, depressivas e também naquelas pessoas que buscam o tempo todo e em tudo agradar aos outros.
Somos fruto de tudo o que já passamos e vivenciamos durante nossa formação. Somos um todo, um entrelaçamento das mais variadas influências de todas as mais diversas formas de educação que fomos expostos, negativas ou positivas. Ao longo dos dias e anos, fomos sendo formados biologicamente, psicologicamente, socialmente e espiritualmente também. Nesse período é que a percepção da atenção ou falta dela, do cuidado ou a falta do mesmo, foram moldando a visão de nós mesmos em relação a tudo o que nos cerca, sejam pessoas, exigências da vida, nossas escolhas, etc.
O modo como passamos a nos ver, a nos reconhecer como ser é baseado na forma como fomos tratados pelas pessoas que passaram pela nossa vida, que nos foram significantes como pais, avós, tios e tias, professores, colegas da escola, amigos e etc. Também dos contextos que tivemos a oportunidade de frequentar como Igreja, escola, clube, esportes, cursos os mais diversos, atividades através da música, reflexões sobre livros, filmes, jogos, etc. Tudo isso nos fez e nos faz ser o que somos e como nos sentimos. Existe um dizer popular que diz:
“Você não pode impedir o que os outros fazem com você, mas pode administrar como você vai se sentir em relação ao que lhe foi feito.”
O valor da autoestima no casamento e na família.
Quando saímos da individualidade e transpomos para o relacionamento interpessoal, percebemos que tudo o que somos nos acompanha. Ao nos apaixonarmos esquecemos-nos de nós mesmos e só pensamos na outra pessoa. Passamos a investir tudo em nós em favor do outro, do ser amado. É assim que acontece. A outra pessoa passa a ser o centro de nosso investimento pessoal. Quando acontece de nesse encontro nos tornarmos também o objeto da paixão do outro, então é tudo de bom. Passamos a alimentar e sermos alimentados em nossa autoestima. Sentimo-nos valorizados, o outro é para nós motivo de investimento pessoal em todas as dimensões do nosso viver e vice-versa. Nesse período até as falhas e os defeitos são colocados de lado. É um período de dar e receber amor. Que coisa boa! Como cada um dos enamorados sente-se bem, com a autoestima elevada, alimentada pelo investimento de amor que o outro lhe dedica.
Na relação conjugal a autoestima é reforçada quando há o respeito mútuo, o incentivo, a generosidade, a camaradagem, quando enfim existe na relação o impulso para a vida. No relacionamento conjugal isso é reconhecido quando marido e mulher procuram ajudar-se mutuamente, valorizar um ao outro, assim como também valorizar o que o outro tem de melhor. A expressão e o sentimento de respeito e valorização pelo outro serão determinantes para um bom relacionamento. Isso passa pelo coração, mas também pela ação, pela escolha e determinação em expressar atos e ações do dia a dia. Ele descobrindo o que ela gosta e tentando fazer para agradar, ela tentando fazer o mesmo. Ambos esforçando-se para suprir as necessidades um do outro. É um investindo mútuo, e não um esperando pelo outro.
É sempre bom a gente levar em consideração que o outro não pensa e age como nós. Nosso cônjuge, é uma outra pessoa. Justamente por isso que nos unimos a ele. Essa outra pessoa se tornou para nós objeto de nosso amor, mas não se transformou em nós. O “se tornam um”, na Palavra de Deus não é que ambos se confundem a ponto se perder um no outro ou perderem sua identidade. Essa é uma ideia equivocada, até doentia. O tornar-se um biblicamente, penso ser um relacionamento tão íntimo e pessoal que ambos passam a usufruir a companhia constante do outro e viver um para o outro. No relacionamento conjugal é preciso haver interesse em conhecer e valorizar o outro e não em transformá-lo no que desejamos.
Quando então o casal agora passa a categoria de pais, a coisa se modifica e muito, mas o processo de valorização e respeito continua sendo o mesmo. Só que agora ampliado. Antes os olhares, os desejos o investimento era de um para o outro, agora ambos voltam-se para um novo ser, para o filho que chegou. Agora o olhar dos cônjuges amplia-se. Ambos devem continuar investindo um no outro, mas agora dando espaço para a nova vida inserida no contexto conjugal. Antes eram dois agora com o aumento da família, é preciso saber manter e ampliar o amor. Mesmo que tenha sido desejado e esperado, esse novo ser, esse novo membro da família, passa a ocupar um espaço e a necessitar de cuidados e atenção especiais, e pode acontecer de um dos parceiros se sentir inseguro ou deixado de lado. É comum isso acontecer, mas não deve ser alimentado.
Nossa vida é marcada por fases. A vida se encarrega de nos modificar. Cabe fazer o melhor para nós mesmos e em favor do outro. Precisamos nos preparar para as mudanças que a vida nos proporcionará e continuar ressaltando em nós e no outro o de melhor que há.
Todos esses períodos precisam ser levados em consideração, pois não são apenas os filhos que estão passando por modificações em sua vida, os pais também estão. Isso permeia até a velhice. E com o aumento de nossos dias é preciso que estejamos preparados para viver a longevidade também. Tanto a nossa quanto a de nossos pais, familiares e amigos.
A autoestima interfere em nossa vida, por isso mesmo a sua importância para o casamento e para a vida em família. Certamente quando os filhos olharem e virem seus pais como exemplos de vida, perceberão que vale a pena viver dessa forma, pois veem que viver e conviver é bom. Nossos filhos aprendem o que vivenciam. Vendo o nosso exercício vivencial diário é que se tornam adultos comprometidos em todos os aspectos do viver.
No ciclo normal de nossas vidas certamente passaremos por situações maravilhosas de grandes realizações, mas também passaremos por situações desestruturantes em que tudo o que acreditávamos pode perder o sentido. É nessa hora que o que trazemos por dentro, a marca positiva de nossa autoestima falará mais alto. Nesses momentos críticos podemos perceber se estamos saudáveis ou não.
Abaixo vão algumas dicas com o objetivo de melhorar, entender e até recuperar a autoestima.
1. Tome iniciativa
Não se faça de vítima. Em determinadas situações, não importa de quem é a culpa, sua, dos outros, da vida, enfim, pense que isso não faz diferença. Os problemas já existem e o importante é procurar maneiras de resolvê-los. Como isso pode ser feito? Comece escrevendo tudo o que em sua vida esteja te incomodando. Liste tudo o que vier à cabeça. Você vai perceber que pode começar a trabalhar para resolver os problemas hoje mesmo e cada vitória vai contribuir com a melhora de sua autoestima. A maior parte das mudanças que queremos fazer em nossas vidas só depende de nós mesmos.
2. Reconstrua a autoestima
Ao dizer para uma pessoa com baixa autoestima que é preciso se gostar mais, é possível que esteja criando uma sensação ainda maior de incapacidade. As pessoas com baixa autoestima já não acreditam em si mesmas e esse tipo de abordagem pode reforçar a crença de que a baixa autoestima seja ainda mais culpa delas. Por isso, se você está com a sua autoestima baixa, o melhor é começar a se impor aos pequenos desafios. Volte à lista que criou e determine quais as ações diárias que precisam ser tomadas para que os problemas sejam resolvidos. Depois, desafie-se a realizar pelo menos uma ação por dia ou por semana.
Os objetivos devem ser claros e simples. Pequenas conquistas naturalmente nos fazem sentir bem, e se mantivermos a regularidade, vamos perceber que aos poucos essas pequenas atitudes vão se tornar hábitos saudáveis em nossa rotina. Uma maneira de assegurar a regularidade é escrever um diário, além de promover o autoconhecimento, escrever um diário é uma maneira de monitorar nossos próprios pensamentos e perceber quais deles estão deteriorando nossa autoestima e fazendo com que nos sintamos mal.
3. Lembre-se de seus melhores momentos
Já percebeu que há momentos na vida em que realmente nos achamos bons? Seja por termos passado em um teste ou conseguido algo que todos achavam impossível, a verdade é que todos temos a sensação de sucesso em algum momento da vida e não seria ótimo poder prolongá-la? Cada vez que atingimos um dos objetivos diários, vamos aproveitar a sensação de bem estar conscientemente e fixá-la na memória de maneira que seja possível resgatá-la em situações nas quais normalmente nos sintamos inseguros.
4. Não se compare
A grama sempre parece mais verde no jardim do vizinho. Algumas vezes desconsideramos que as pessoas passam por momentos difíceis na vida, mas todos possuímos medos e inseguranças, a diferença está em como cada um de nós lida com isso. O equilíbrio da vida está nas diferenças. Vamos encontrar aquilo que realmente gostamos de fazer e investir em nossas potencialidades. Se todos fossem iguais, fizéssemos as mesmas coisas ou tivéssemos às mesmas aptidões e preferências, o mundo não giraria tão harmonicamente.
Há espaço para todos, portanto, vamos aprender a valorizar nossos pontos fortes. Vamos cuidar da nossa aparência e deixar de lado os modismos, usar roupas e acessórios que destaquem o que há de mais bonito em nós. Vamos nos exercitar não somente para conquistar um corpo perfeito, mas também para ter qualidade de vida.
5. Aproveite a jornada
Não é possível deixarmos para viver somente amanhã, quando os nossos sonhos se realizarem. Precisamos ter objetivos, pois eles norteiam as decisões e funcionam como motivação, mas enquanto estamos buscando alcançá-los, também estamos vivendo, então por que não vivermos e aproveitarmos a jornada, hoje? Vamos contemplar os prazeres simples da vida todos os dias, escutar nossa música favorita, ler um bom livro, caminhar no parque. Pode parecer difícil ver beleza na vida quando estamos muito tristes e cansados, mas vamos ter paciência, ao inserir pequenas mudanças de atitude no dia a dia, muito em breve vamos notar a melhora gradativa em nosso bem estar.
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Por: Lúcia Cerqueira Coelho de Souza. Psicóloga, Terapeuta de Família.