Bíblia – Livro da esperança para a família

Quanto a você, continue firme nas verdades que aprendeu e em que creu de todo o coração. Você sabe quem foram os seus mestres na fé cristã. E, desde menino, você conhece as Escrituras Sagradas, as quais lhe podem dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus. Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.” (2 Timóteo 3.14-16)

Se há uma família que nos inspira, no que tange ao valor das Escrituras no ambiente familiar, essa família é a de Timóteo. Na família de Timóteo, havia uma cooperação entre Lóide, a avó, e Eunice, a mãe (2Tm 1.5), na formação religiosa do menino que mais tarde viria a ser um verdadeiro discípulo de Cristo e respeitado por todos (At 16.1,2).

Timóteo, tendo pai grego (At 16.10), foi abençoado por duas mulheres presentes em sua vida que lhe transmitiram o valor das Escrituras para que fossem bússolas norteadoras para seu viver diário. A família de Timóteo é um exemplo para as famílias de hoje. Temos visto muitas famílias que se preocupam e priorizam a formação acadêmica de seus filhos em detrimento da formação espiritual. Num lar judeu, nos tempos de Timóteo, os pais tinham tanta preocupação em gravar no coração dos filhos a Palavra de Deus que eles poderiam até esquecer seus nomes, mas jamais as leis de Deus.

Não sabemos se essas duas mulheres cristãs estavam vivas quando Paulo escreveu essa carta a Timóteo, mas podemos afirmar que as mesmas cumpriram bem o papel principal que os avós e pais devem cumprir junto aos seus descendentes: o de deixar-lhes o legado da fé. Havia, na família de Timóteo, uma responsabilidade.

Essa responsabilidade era que cada geração deveria passar para a próxima geração a bandeira da fé. Tal como numa corrida 4×100, uma das modalidades do atletismo, cada uma passou, no tempo certo, a bandeira da fé evangélica para a geração seguinte. Estamos nós também preocupados com essa responsabilidade em nossas famílias? Estamos imitando os exemplos positivos de Lóide e Eunice ou seguindo o exemplo negativo das gerações que se seguiram à geração de Josué (Jz 2.8-13)?

Lóide e Eunice encarnaram perfeitamente o tema desta mensagem. Deste texto, 2 Timóteo 3.14-16, podemos extrair algumas lições tendo como base o tema geral do 2º Ano da Bíblia no Brasil, promovido pela Sociedade Bíblica do Brasil. Esse texto pode nos responder a razão pela qual a Bíblia é a esperança para a família.

1 – A Bíblia é a esperança para a família porque aponta para nossos familiares o caminho da salvação eterna.

Paulo lembrou essa verdade a Timóteo, quando escreveu: “você conhece as Escrituras Sagradas, as quais lhe podem dar a sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus.” Lóide e Eunice entenderam que a esperança verdadeira de salvação para seu neto e filho estava em conhecer, desde a mais tenra idade, as Escrituras Sagradas.

A Bíblia é um verdadeiro manual para viver nesse mundo, como iremos abordar mais adiante, mas a mensagem da Bíblia é mostrar à humanidade a verdadeira mensagem: que Jesus Cristo é o único caminho que nos leva a Deus. Timóteo recebeu os ensinamentos para ter uma experiência pessoal de salvação na pessoa de Jesus de três fontes: do próprio Paulo (1Tm 1.1), de sua avó e mãe (2Tm 1.5) e da própria Escritura Sagrada.

Lóide e Eunice sabiam que as duas primeiras fontes iriam passar, por isso investiram tempo para inculcar no coração e na mente de Timóteo a Palavra de Deus (Is 40.8). Elas sabiam que, estudando e retendo a Palavra de Deus, ele iria sempre se lembrar de que o único caminho para a salvação eterna estava na mensagem principal da Bíblia, o amor de Deus em Cristo Jesus (Jo 3.16).

Que lição maravilhosa essa avó e essa mãe nos dão! Havia na mente e no coração delas que o pequenino Timóteo deveria ter uma experiência pessoal de salvação em Cristo Jesus, por isso a melhor coisa a fazer era ensinar-lhe a Palavra de Deus. Essa tarefa é, em primeiro lugar, da família.

Não é da igreja, do pastor, dos líderes da igreja, mas da família. Hoje, no mundo corporativo, uma prática comum é a terceirização. Nesse conceito, a empresa foca na sua atividade principal e terceiriza os outros serviços que não estão dentro do seu foco principal. Infelizmente, temos visto essa prática em muitas famílias. Terceirizam a educação, o cuidado diário dos filhos e, acima de tudo, a tarefa de mostrar aos mais jovens os ensinos da Bíblia – entre os quais, o mais importante dela é mostrar o caminho da salvação em Cristo Jesus (Jo 14.6). Valorize o estudo da Bíblia na sua família e, naturalmente, seus filhos e netos serão convencidos pelo Espírito Santo de que só Jesus salva.

2 – A Bíblia é a esperança para a família porque orienta, com segurança, o plano de Deus para a própria família.

Paulo escreveu: “Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade.” Hoje, mais do que nunca, o mundo tem bombardeado a família com tantas ideologias e ensinamentos espúrios sobre temas que envolvem a instituição do casamento, da família e da sexualidade. Esses ensinamentos têm deixado nossas crianças e adolescentes confusos.

Basta ligar a televisão para ver, em alguns minutos, mensagens contrárias à Palavra de Deus. Esses ensinamentos, se não são confrontados à luz da Palavra de Deus, trazem graves consequências para a sociedade, para a família e para a igreja. Timóteo foi instado e lembrado que aquelas verdades aprendidas, lá na sua infância, por sua avó e mãe, eram verdadeiras. No tempo de Timóteo, o Novo Testamento ainda não existia.

O cânone do Novo Testamento (lista dos livros considerados inspirados por Deus) foi fechado em 397 d.C., no Concílio de Cartago, sendo o livro de Apocalipse o último a ser reconhecido devido à dificuldade de compreensão da sua linguagem figurada. Sua avó e sua mãe ensinavam-lhe o Velho Testamento. Sob a luz da candeia, debaixo de uma árvore ou ainda andando pelo caminho e já quase dormindo (Dt 11.19), aquelas mulheres, talvez já cansadas, liam a história da criação do mundo (Gn 1), de como Deus criou o homem e a mulher (Gn 2. 1-20), do primeiro casamento (Gn 2.21-25).

Contavam como o pecado tinha entrado no coração do homem, atingindo, em primeiro lugar, a própria família, afetando drasticamente a relação entre o homem e a mulher (Gn 3). Contavam também como o pecado pode afetar as relações intrafamiliares, ao ler Gênesis 4.1-16. E assim por diante. Certamente, Lóide e Eunice frisavam para o pequeno Timóteo que essas histórias não eram lendas.

E que o casamento não fora uma invenção de alguém que não tinha nada o que fazer, mas algo que nascera no coração de Deus. Pais e avós que desejam agradar a Deus devem ensinar aos filhos e netos os ensinamentos de Deus, de acordo com a Bíblia, toda a verdade sobre a família, sobre o casamento, sobre a sexualidade. Sempre lembrando que todas essas histórias são verdadeiras e inspiradas por Deus. Temos, como avós e pais, estado atentos a esta responsabilidade? Temos mostrado aos pequeninos e a todos os membros as verdades eternas e inspiradas por Deus sobre temas que tocam à família?

3 – A Bíblia é a esperança para a família porque, através dela, aprendemos a viver neste mundo, especialmente na própria família.

Em suas palavras dirigidas a Timóteo, Paulo asseverou: “condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.” Hoje, nossas crianças e familiares estão recebendo muitas informações que contrariam a teologia do casamento, da família e da sexualidade. Posso imaginar Lóide e Eunice conversando com Timóteo e expondo a ele conceitos importantes que tocam à família, ao casamento e à sexualidade.

Não temos notícias se Timóteo se casou ou não, mas sabemos que ele vivia uma vida baseada nos preceitos de Deus. A prova desta afirmação está em Atos 16.2. Ele era muito respeitado pela igreja em Listra e Icônio. Ouvindo as leituras das Escrituras Sagradas, Timóteo aprendia o que era certo e errado à luz da Bíblia. Hoje, o que é certo e errado, para a sociedade sem Deus, deixou de ser algo absoluto, mas relativo. O certo e o errado, ensina a mídia, por exemplo, é uma questão pessoal.

Homossexualidade e tantos outros comportamentos sexuais, à luz da sociedade sem Deus, são algo relativo, mas à luz da Palavra de Deus, e Timóteo aprendeu isso em sua família, é algo errado, absoluto. Sabem por quê? Porque toda a Escritura Sagrada era ensinada a Timóteo. E, com certeza, Timóteo ouviu muitas vezes sua avó e mãe lerem os textos de Gênesis 2.24 e Levítico 18. Aprendeu, ouvindo as Escrituras, que o pecado, como o adultério de Davi, traz graves consequências para a pessoa, para a família e fere o coração de Deus, mas há a possibilidade do perdão e que suas consequências fazem mal (2Sm 11, Sl 51).

Essas e tantas outras histórias da Bíblia, Timóteo as ouviu, desde pequenininho, dos lábios de sua vovó e de sua mamãe. Posso imaginar sua avó e sua mãe lendo o livro de Provérbios e mostrando-lhe que a verdadeira sabedoria estava em aprender, absorver e viver os princípios de Deus.

Pais e avós, somente a Bíblia pode mostrar aos nossos filhos e netos o que é certo e o que é errado. Somente a Bíblia pode mostrar aos nossos familiares seus erros e acertos no casamento e na vida em família. Só a Bíblia pode ensinar aos nossos filhos, netos e familiares como viver com sabedoria em todos os campos, especialmente na família.

Quando o ensinamento da Bíblia aliado a uma vida exemplar por parte dos adultos cristãos, como aconteceu com Lóide e Eunice, que viveram uma fé não fingida (2Tm 1.5), nossos filhos, netos e familiares serão impactados tremendamente em sua maneira de viver.

Conclusão

“Bíblia – Livro da esperança para a família.” Que em nossas famílias essa seja uma verdade como foi no lar de Timóteo. Se isso acontecer de fato, aliado à vida de testemunho por parte daqueles que seguem a Cristo, nossos filhos, netos e demais familiares terão uma experiência pessoal com Cristo e serão bênçãos, como aconteceu com Timóteo.

Por: Gilson Bifano


Três Perguntas de Reflexão:

  1. Considerando a importância atribuída à formação espiritual na família de Timóteo, como podemos equilibrar a priorização do desenvolvimento acadêmico dos filhos com a formação de seus valores e crenças espirituais na realidade familiar atual?
  2. O texto aborda a “terceirização” da educação e dos ensinos bíblicos na família. De que formas práticas os pais e avós podem retomar essa responsabilidade e integrar o estudo da Bíblia no cotidiano familiar, mesmo diante dos desafios e demandas da vida moderna?
  3. Diante do bombardeio de ideologias e informações que, segundo o autor, “contrariam a teologia do casamento, da família e da sexualidade”, como as famílias podem usar a Bíblia para solidificar princípios e ajudar crianças e adolescentes a discernir o que é certo e errado em um mundo de valores cada vez mais relativos?

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