Conversão de pais e filhos

Por que a palavra conversão foi usada para dizer o que Deus espera sobre o relacionamento pais e filhos?  Que relação há entre a nossa conversão a Deus e a conversão de pais aos filhos?

Creio que muitos de nós, que acreditamos ser convertido a Deus, na verdade estamos iludidos. Somos mais comprometidos com uma religião do que com um relacionamento de amor com Deus.  Da mesma forma que muitos pais que acreditam ter um bom relacionamento com seus filhos, estão cumprindo o que acreditam ser suas obrigações. Longe de viver um relacionamento de amor verdadeiro.

Ser convertido não é ser religioso mas, ter um novo estilo de vida. Agir  de acordo com o que acredita. É assim que vivemos?

Cremos na eternidade, no encontro com Deus depois desta vida no entanto, muitos que creem se revoltam com a morte. O que não significa que não podemos nos entristecer com a perda de alguém querido. Contudo, revolta contra Deus pela perda de alguém nos parece incoerente com a crença sobre a eternidade e um encontro com Deus.

Acreditamos na palavra que diz que devemos “ buscar o Reino de Deus em primeiro lugar e que todas as coisas nos serão acrescentadas”, no entanto, na vida diária de muitos cristãos o interesse pelo Reino de Deus ocupa o último lugar, quando encontra um lugar.

Cremos na soberania de Deus,  que o dia de amanhã pertence a Ele, no entanto somos consumidos pela ansiedade, pelo medo do futuro. Sabemos que Ele está no controle, contudo buscamos o controle de tudo, todo o tempo e ficamos inseguros por não tê-lo.

Cremos que “ Sem Ele nada podemos fazer”, nem por isto oramos e pedimos Sua presença em cada tomada de decisão e escolha que fazemos.

Aceitamos o fato de fazer Sua vontade, porém não temos o hábito nem o interesse que deveríamos ter pelo conhecimento de Sua Palavra, apesar  de crermos que Sua palavra é a revelação de Sua vontade. Como fazer a vontade Dele sem buscar conhecê-la?

Há uma grande incoerência entre o que cremos e o estilo de vida que vivemos. Isto pode ser percebido tanto em nosso relacionamento com Deus como com  nossos filhos.

Dizemos que os filhos são prioridade em nossa vida, contudo a menor parte  do tempo é dedicada a eles, na maioria das vezes. Muitos pais dizem que eles são prioridades, no entanto não deixam nenhuma de suas atividades para estar mais presentes, como abrir mão de assistir um telejornal ou uma novela, de deixar para depois um trabalho que levou para casa ou deixar a louça para lavar outra hora.

Desejamos que eles se tornem vencedores e não vigiamos nossa boca. Dizemos palavras que humilham, que não edificam, que os fazem sentirem-se inseguros e descrentes neles mesmos. Será muito difícil ser um vencedor sem acreditar em si mesmo.

Declaramos que somos capazes de dar a vida por eles, mas não somos capazes de controlar a ira para lhes dar equilíbrio emocional. Brigas e ofensas terríveis acontecem entre casais na frente dos filhos, sem o mínimo cuidado e respeito pelos sentimentos deles.

Acreditamos quando declaramos que trabalhamos para lhes dar um futuro melhor, no entanto nem sempre isto é verdade. Muitas vezes trabalhos por nossos próprios interesses e pela realização de nossos projetos e sonhos. Não perguntamos o que eles esperam de nós, o que é importante para eles. Tenho certeza de que esta pergunta fosse feita muitos pais descobririam que sua presença, atenção e carinho são mais desejáveis que uma vida com abundância de bens materiais.

Certamente precisamos renovar nossa mente, repensar nossos valores e estilo de vida. Seguimos em frente sem examinarmos a nós mesmos. Não foi assim que  Jesus nos aconselhou a fazer.

Desejamos um mundo e um futuro melhor. Uma sociedade mais justa e menos agressiva. É preciso lembrar que uma sociedade é feita por pessoas. Se queremos uma melhor precisamos de pessoas melhores.  E estas que construirão este futuro estão sendo educadas e cuidadas por nós, hoje.  Sendo assim,  as bases deste futuro estão sendo edificados por nós. Somos os responsáveis. Precisamos ser responsáveis.

Nossos filhos são, antes de tudo, filhos de Deus deixados aos nossos cuidados. Deus confiou a nós. Não são nossa propriedade. A maternidade e a paternidade é uma missão que precisa ser assumida com mais  consciência. Além disto, nossos filhos são cidadãos que interferirão neste mundo, edificando ou destruindo. E nós temos uma grande participação na diferença que eles farão, em suas escolhas entre um caminho e outro.

Deus nos chama a conversão. A um compromisso verdadeiro e autentico com Ele. Da mesma forma que nos chama a um compromisso com a família.

A palavra expressa por Malaquias diz que para que Deus não venha e fira a terra com maldição é preciso que pais se convertam aos filhos e filhos aos pais. Temos nossa participação no desfecho da história. Cabe a cada um assumir com consciência e responsabilidade sua parte.

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Por: Psic. Elizabete Bifano

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