A reportagem sobre a ausência crescente do pai (homem) na criação dos filhos, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, há quase 20 anos, no dia 1º de novembro de 1998, mas ainda atual, suscita duas questões importantes: primeiro, se o pai é realmente necessário; segundo, o que o homem pode fazer para reverter essa situação.
Pelo jeito como a reportagem foi construída, a impressão é que realmente o pai é indispensável para o desenvolvimento saudável da criança e do jovem.
A primeira carta de reação à reportagem é exatamente de uma mulher que critica o material, por dar a entender, por exemplo, que uma viúva está fadada a não conseguir oferecer uma boa educação aos filhos.
O fato é que tanta coisa está mudando na sociedade que podem-se imaginar famílias plenamente realizadas sem a presença de um pai. Só que, para isso, é necessário que as crianças tenham acesso a outros homens, mesmo que fora da família.
O que não dá para conceber é que uma criança possa se desenvolver plenamente só com modelos femininos. Por mais que as mulheres estejam “carregando o piano” da família neste final de século, a humanidade sempre dependeu e sempre dependerá das diferenças biológicas e culturais entre os sexos.
E é aí que entra a primeira questão: além dos pais estarem se ausentando da família -por uma série de razões que não cabe aqui descrever-, há uma oferta muito reduzida de outros modelos masculinos para as crianças e jovens.
Todo o aparato educacional -das creches e pré-escolas ao ensino médio- é dominado por mulheres. Isso, em si, não é problema, mas, novamente, as crianças ficam sem um contato mais próximo com o universo masculino.
Então, o que o homem-pai pode fazer? Primeiro, aceitar que ele é realmente importante para o desenvolvimento dos filhos – era isso o que a reportagem da Folha buscava mostrar.
E, aceitando-se como importante, ele deve encontrar tempo para os filhos. Neste sentido, a melhor idéia é a de abrir, no cotidiano de trabalho, “janelas” de atenção exclusiva para os filhos.
Fuja do trabalho na hora do almoço, por exemplo, e passe uma hora que seja, com o filho. Almoce com ele, converse. Não adianta chegar em casa e ficar assistindo futebol na televisão, ou falando ao telefone.
Estar com crianças, com adolescentes, demanda muita energia e atenção. Prepare-se para essa oportunidade como se fosse para a reunião mais importante do seu dia. Na verdade, ela é.