A vestimenta feminina sempre foi um tema sensível nas igrejas evangélicas brasileiras. Conhecemos histórias diversas sobre decisões de igrejas que tocavam nesse assunto, desde a proibição de as mulheres usarem calças compridas até regras, pasmem, estabelecendo quantos centímetros as saias das irmãs deveriam estar abaixo dos joelhos.
Claro que a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, está repleta de textos que abordam o tema. Os apóstolos Paulo (1 Timóteo 2:9-10; 1 Coríntios 11:5-6; Tito 2:3-5; 1 Coríntios 14:34-35) e Pedro (1 Pedro 3:3-4) se preocuparam em orientar os cristãos primitivos sobre a questão. O grande desafio foi e tem sido trazer a interpretação dessas orientações apostólicas para nossos dias, sem os resquícios culturais da época.
Não hesitamos, nem um pouco, em afirmar que esses textos falam mais sobre a modéstia, a discrição e a reverência no contexto da adoração e da vida comunitária da igreja do que estabelecem regras sobre o uso das roupas femininas no meio evangélico.
Só para citar um exemplo, a orientação sobre a cobertura da cabeça era uma prática cultural específica da época, que simbolizava respeito e submissão.
A modéstia está presente no coração de uma mulher cristã quando, ao escolher a roupa que usará para participar do culto, decida não chamar a atenção para si mesma, mas ser um reflexo do espírito de adoração e respeito a si mesma e a outras pessoas que também participarão do culto ao Senhor.
Entretanto, reconhecemos que as mulheres cristãs enfrentam um grande desafio de serem fiéis aos princípios bíblicos das vestimentas e, ao mesmo tempo, estarem atentas às tendências da moda. A virtude está no meio. Os extremos não são recomendáveis.
Para ilustrar, em maio fui pregar no congresso de famílias da Igreja Batista Nacional da Palavra, em São Luís, no Maranhão, liderada pelo casal pastor Nilson e pastora Silvana Bastos. Uma das muitas lembranças boas em estar com aquela igreja foi perceber a discrição e a sobriedade com que as irmãs se vestem para participar do culto ao Senhor. Percebi fidelidade aos princípios bíblicos em harmonia com a moda. Elogiei a pastora Silvana pela sabedoria e discrição das irmãs.
O tema é complexo e tem outras vertentes, com certeza – como, por exemplo, que essa sabedoria e discrição não devem ser buscadas e colocadas em prática somente aos domingos, nos cultos coletivos, mas todos os dias da semana, no ambiente de trabalho, acadêmico, em um passeio ao shopping, praia e até mesmo em casa.
Precisamos conversar mais sobre esse tema. A pastora Silvana me disse, para ilustrar, que a atitude cristã daquelas irmãs era o reflexo de muita conversa. Afastar-se do legalismo e da sensualidade é o recomendável em relação às vestimentas das mulheres cristãs. Os mesmos princípios se aplicam também aos homens.
Os pastores devem buscar sabedoria para tratar dessa questão. As irmãs mais idosas podem e devem ser bênção para as mais novas, orientando-as com sabedoria (Tt 2.3-5).
É possível, sim, as mulheres cristãs serem fiéis aos princípios bíblicos e, ao mesmo tempo, estarem bem vestidas, tanto no ambiente coletivo da igreja quanto, nos outros dias da semana, em quaisquer lugares em que estejam.
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Por: Gilson Bifano
Pastor e líder do Oikos, Ministério Cristão de Apoio à Família