Um dia desses um pastor ligou para mim pedindo para que eu lesse uma reportagem de uma tragédia acontecida numa das capitais do Brasil.
Um rapaz tinha praticado atos de barbárie contra uma jovem. Os relatos eram terríveis, de violência gratuita.
O pai era um crente piedoso de uma grande igreja batista do Brasil.
Na reportagem, o pai ao saber do que o filho fez, além de chorar, disse: “eu não criei o meu filho para isso”.
Há alguns anos realizei um trabalho com famílias numa igreja. No final da programação, o pastor compartilhou comigo sua dor. Um dos seus filhos estava preso por participar de um assalto.
Ele me disse: “pastor Gilson, criei esse menino na igreja”.
Outra história.
Um casal consagrado, que abençoa tantas pessoas, me confidenciou que um dos seus filhos está totalmente descrente de Deus, de Jesus, da Bíblia.
Que dor quando ouço ou leio histórias assim.
Muitos, no lugar de uma palavra de apoio a esses pais, tem palavras de mais culpa, peso e tristeza.
Um dos pais me perguntou: “mas pastor Gilson, a Bíblia não diz que instruindo o menino em que deve andar, até quando envelhecer, não se desviará dele?”.
Respondi que sim, mas com muito cuidado na interpretação do mesmo.
A ideia do famoso versículo bíblico é que, os pais criando seus filhos nos caminhos de Deus, haverá uma grande probabilidade destes filhos andarem nos caminhos trilhados pelo próprio Deus.
Lurt Bruner e Steve Stroope num livro muito interessante cujo o titulo é A fé começa em casa, chama de princípio da probabilidade.
Isto é, haverá uma grande probabilidade das crianças, que aprenderam sobre a fé cristã seguirem os caminhos trilhados por Deus para suas vidas.
Agora, preste a atenção!
Esta probabilidade aumentará, consideravelmente, se os ensinos transmitidos pelos pais forem testificados pela vida dos mesmos praticados no cotidiano da vivencia familiar.
Se por exemplo, um pai ensina sobre o valor da honestidade e vivencia a honestidade de forma que o filho veja que há uma harmonia entre o que se ensina e o que se vive, esta probabilidade crescerá.
Crescerá mais ainda, se a criança for educada numa igreja onde se veja os verdadeiros ensinos de Jesus praticados e vividos pelos crentes.
Aumentará, ainda mais, se os pais dobrarem os joelhos em oração intercessória pelos filhos.
Se, por exemplo, criarem uma cultura familiar marcada pelo diálogo e amizade sincera entre pais e filhos.
A probabilidade aumentará se os pais conversarem com os filhos sobre os acontecimentos do mundo, das decisões éticas da vida, num nível de respeito, amor e compreensão, tendo, é claro, a Palavra de Deus como princípios.
Provérbios 22.6, como lembra os autores citados, não é uma promessa, mas um princípio para basearmos nossas ações educativas junto aos nossos filhos.
Provérbios 22.6 não dá garantias, mas esperança para os pais que criam seus filhos para que, quando adultos, sejam bênçãos nas mãos de Deus, fiéis em Cristo e envolvidos na igreja.
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Por: Gilson Bifano.
Palestrante e escritor na área de casais e famílias. Coach para casais, pais e famílias.
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