O Tempo, a Fotografia e o Coração da Família

Certo sábado pela manhã, decidi passear pelo centro do Rio de Janeiro, mais especificamente na feira de antiguidades da Praça XV. Todo sábado, essa famosa praça carioca se transforma num ponto de encontro de mercadores, oferecendo uma variedade de objetos interessantes. É fascinante caminhar por ali e observar o burburinho, o comportamento das pessoas.

Na feira de antiguidades, observei um grupo de homens barbudos absortos em uma banca dedicada exclusivamente a itens de “Guerra nas Estrelas”. Era visível a paixão com que conversavam e citavam os nomes dos personagens.

Contudo, o que realmente prendeu minha atenção foram as bancas de fotografias antigas. Ali se encontram imagens antigas do Rio de Janeiro, de pessoas e, em particular, de famílias. Uma delas me chamou a atenção. Era um registro muito antigo: uma família posando ao lado de uma árvore de Natal. O pai, a mãe e duas crianças faziam parte daquela família.

Peguei a fotografia e me peguei pensando: quem seriam essas pessoas? Onde moravam? Eram ricas ou pobres? Onde andam seus descendentes hoje?

Mas uma inquietação tomou conta do meu coração. Aquela imagem, outrora valorizada e talvez exibida na sala de visitas de uma casa, jazia agora numa calçada, à venda entre tantas outras fotografias.

Minha reflexão se aprofundou porque, apenas duas semanas antes desse passeio, eu, minha esposa, filhas, genros e netos havíamos ido, todos arrumados, a um estúdio para uma sessão de fotos em família. Pensei: talvez, em alguns anos, uma dessas fotos que tiramos em família esteja também numa calçada, exposta friamente à venda.

Foi então que cheguei à conclusão de que o mais importante é o que fazemos hoje com nossa família. As fotografias são registros valiosos da história familiar, mas o que realmente importa é a interação e o carinho que dedicamos aos nossos hoje.

Como tem sido o relacionamento com nosso cônjuge? Temos valorizado o tempo passado com nossos familiares? Brincamos com nossos netos? Nossos pais recebem nossa atenção e carinho? Dedicamos tempo aos nossos filhos?

Às vezes, nosso foco se volta para tantas outras coisas que nos esquecemos do mais essencial: o relacionamento com as pessoas mais próximas, nossa família e amigos. Quando não priorizamos a família e os amigos, corremos o risco de chegar ao fim da vida e perceber que a escada foi apoiada na parede errada.

Alguém já disse, com sabedoria, que ninguém chega ao fim da vida com o desejo de ter trabalhado mais ou dedicado mais tempo à empresa.

Gosto muito do texto bíblico que narra a visita de Jesus em Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro. Enquanto Marta se preocupava com os afazeres, Maria priorizou estar com Jesus. E por essa escolha, foi elogiada pelo Mestre (Lucas 10.38-42).

Viver em família, portanto, é priorizar os relacionamentos, o estar junto.

Um dia, nós e nossos familiares não estaremos mais aqui. Talvez restem apenas fotografias. Que as fotografias que registramos hoje sejam o reflexo desses momentos alegres, felizes e ternos que Deus nos concede ao lado de nossa família.


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Por: Gilson Bifano
Palestrante, escritor e coach na área de casamento e família.
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Uma resposta

  1. Muito boa reflexão. É isto. Valorizar cada momento em fsmília e vivê-lo intensamente é que a sociedade de hoje precisa fazer. As fotografias ficam, mas nem sempre no lugar certo.
    Que o nosso Deus abençoe abuntantemente seu ministério, família e vida.
    Obrigado.

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