Quando os primeiros homens chegaram à lua, muitos afirmaram: acabou-se o romantismo! Afinal a lua era o símbolo que inspirava poetas e trovadores. Maculada pelos pés humanos, a lua não cumpriria mais o seu papel milenar e os apaixonados de todo o mundo não teriam mais este belo referencial.
Mas estavam enganados!
O romantismo não depende de nenhum corpo celeste. É uma atitude interior. E, como tal, pode estar presente mesmo se a lua for habitada, se é que será e quando o for.
Romantismo existe e existirá sempre, enquanto os seres humanos deixarem-se dominar por ele.
Esta atitude interior é uma realidade. Tenho experimentado seus efeitos. Sou romântico por natureza, mas procuro aperfeiçoar esta atitude cada dia. Em nosso lar eu era mais romântico que a Zezé, no início de nossa vida em comum. Plantei romantismo. Fiz poesias. Declarei meu amor a cada oportunidade. E o romantismo, tal como o amor, gerou romantismo. Hoje Zezé também é romântica.
Basicamente, o romantismo depende de ser exercitado.
Quando falamos em “Encontro de Casais”, temos estimulado cônjuges (que palavra difícil) a serem românticos, a demonstrarem romantismo. Lembramos com freqüência que, certa vez, viajando numa tarde quente, sob sol abrasador, para falar para casais numa cidade distante, a certa altura, por volta das três horas da tarde, disse para Zezé: “Mãe, estou desejando fazer uma coisa”. Ela perguntou: “O quê?” Recebeu a resposta: “Parar o carro no acostamento e lhe dar um beijo e um abraço”. Tendo recebido sua aquiescência, assim fizemos. Enquanto nos abraçávamos, os motoristas diminuíam a velocidade dos seus veículos para nos admirar. Ocorreu-me um pensamento que exteriorizei para Zezé: “Estão pensando que somos ´amantes´”. Ao que depois concluí: “Será que só os ´amantes´ podem se tratar bem, serem românticos?”
O romantismo, como o amor, cresce com o passar do tempo.
Vamos ser românticos?
Vamos recordar, ao longo de nossa vida em comum, os dias de namoro e noivado, quando éramos tão românticos com o nosso par?
Ser romântico é expressar esse romantismo com palavras e atos.
É muito gostoso… e assim tem sido com Zezé e eu nesses 26 anos de casados.
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Por: Paulo Ribeiro (falecido em setembro de 1998, na cidade de Belo Horizonte,
vítima da violência urbana)