Romance sob a direção de Joel Hopkins, tendo em seu elenco os excelentes atores Dustin Hoffman e Emma Thompson, “Tinha Que Ser Você” é um filme simples, mas simpático e sensível, que aborda um tema nada banal – a solidão.
Como cenário e fotografia temos a bela e aconchegante cidade de Londres.
Dustin Hoffman é Harvey Shine, músico, compositor de jingles, divorciado, que vai a Londres para o casamento da filha.
Emma Thompson é Kate Walker, uma mulher solteira que vive para o trabalho e está sempre as voltas com uma mãe um tanto controladora e paranóica, que não se conforma com a solteirice da filha.
Aliás, tema nem um pouco raro quando se trata de adultos solteiros.
A ideia que a maioria das pessoas tem da vida é de que somente os que são casados conseguem ser felizes e realizados.
Esquece-se que solidão é um sentimento, que independe da pessoa estar só ou acompanhada. E que ser de bem com a vida é uma experiência de fato.
Harvey é um homem meio resmungão, mal resolvido com seu passado, o que reflete, irremediavelmente, em seu presente.
Ele sofre porque sua filha tem um relacionamento bastante próximo com seu padrasto e, na tentativa de aproximar-se da filha, tudo o que consegue, com seu jeito meio atrapalhado é uma distância maior.
Em nossa realidade atual, cada vez mais encontramos situações parecidas no relacionamento entre pais e filhos.
Vários são os motivos para deteriorar relacionamentos que deveriam ser inteiramente prioritários e próximos.
Em meio as festas do casamento da filha, Harvey sente-se inteiramente deslocado. Sua presença lhe parece ser desconfortável para todos, inclusive para si mesmo.
Então, ele desiste… Da festa e de seu lugar de pai.
Uma pena. Porque, no fundo, o que sua filha deseja é que ele seja próximo.
Aliás, o que todos os filhos desejam, independente da idade, é ter os pais próximos e nada deveria ser motivo para que os pais se sentissem desobrigados de seu papel de pai e de mãe.
Então, o que se vê é exatamente o que um dos críticos de cinema relata “pinta-se na tela um quadro interessante de um homem solitário, que vê no casamento da filha cenas de uma família que muito bem poderia ter sido dele, mas que, com erros do passado, estragou tudo sem chances de volta.
Mas esta trama dramática irá tomar um novo rumo graças a intervenção de Kate. Embora bastante retraída e fechada em seu mundo interior, ela tem sensibilidade o bastante para fazê-lo tomar uma decisão que fará a diferença na vida de todos eles.
Inicialmente Kate é ignorada por Harvey, quando ela o aborda para uma pesquisa na sua chegada ao aeroporto. Mas, num inesperado momento eles se reencontram e, com seu jeito insistente e um humor inteligente, ele consegue se aproximar, conversar.
Então eles tem a chance de começar a dividir um pouco de sua solidão, medos e situações da vida…
“Tinha Que Ser Você” é um filme leve, que diverte e emociona. Basta um olhar mais aguçado para se ver belas nuances da vida.
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Por: Elizabete Bifano