Vaginismo e a possibilidade do prazer sexual

Após tantos anos de desinformação, vemos que algumas mulheres já começam a desfrutar desta benção de Deus: o prazer sexual. Há alguns anos atrás, acreditava-se que a sexualidade da mulher era menor do que a dos homens, mas esta realidade está mudando. As mulheres atualmente conversam mais sobre o assunto sem culpa ou medo. Já começam a conhecer melhor o seu corpo, sem constrangimento de estarem cometendo qualquer pecado. Estão também mais exigentes nos seus relacionamentos conjugais, não atendendo somente aos prazeres masculinos, mas desejando também sentir o prazer que a relação sexual pode lhe proporcionar junto ao parceiro.

Com o constante acesso às informações através da mídia como televisão, literatura e Internet, as mulheres passaram a conhecer melhor o que sentem, percebem e vivem. Isto fez com que elas pudessem identificar situações para as quais há muito tempo não tinham respostas.  Todavia, ainda há um número muito grande de mulheres que pouco ou jamais experimentaram o “cobiçado” prazer sexual. São inúmeras as causas que impedem a mulher de sentir prazer e dentre elas encontram-se as disfunções sexuais.

Disfunções sexuais são as situações nas quais as reações físicas comuns da atividade sexual ficam debilitadas. Dentre as disfunções mais conhecidas, destaca-se o vaginismo.

O vaginismo ocorre através da contração involuntária dos músculos que circundam a entrada vaginal e dos músculos constritores do ânus. Trata-se de uma resposta condicionada associada à dor e ao medo das penetrações vaginais. Isto acontece quando é feita uma tentativa para se introduzir um objeto no orifício vaginal, como nos exames ginecológicos, ou quando há a possibilidade da penetração vaginal pelo pênis.

A atitude fóbica de evitar a penetração faz com que as mulheres experimentem dor e frustração na relação sexual. Muitas delas que se queixam de vaginismo possuem resposta sexual satisfatória. Sentem prazer com o beijo, com a carícia no corpo, com a estimulação do clitóris, mas sem o compromisso da penetração. 

No casamento, o vaginismo se torna extremamente angustiante, pois a penetração passa a ser algo indesejável para a mulher, inibindo assim qualquer iniciativa do seu marido para o relacionamento sexual. Isto leva a um distanciamento gradual por parte dele, podendo gerar até o fim do casamento.

No entanto, as alternativas para a cura desta disfunção são muito eficazes. Muitos casamentos são restaurados quando há uma iniciativa por parte da mulher em buscar ajuda, com o apoio incondicional do seu marido. Faz-se necessário frisar que todo o processo de tratamento é gradual e não possui resposta imediata. O apoio e a compreensão do marido servirão de estímulo para a mulher não desistir.

O tratamento do vaginismo deve começar inicialmente com a consulta ao ginecologista. Toda a avaliação física deve ser observada a fim de que não se faça um diagnóstico precipitado. Descartando-se qualquer causa de ordem física que esteja provocando dor, o tratamento será direcionado à redução da resposta condicionada, isto é, a eliminação do medo da paciente quanto à penetração vaginal.

Os terapeutas fazem uso de um tratamento chamado dessensibilização sistemática. Aliviar a ansiedade da paciente, com sua conseqüente atitude fóbica, é o objetivo deste tratamento, para que a paciente gradualmente não se sinta desconfortável com a idéia da penetração vaginal. Em alguns casos, após a orientação de um profissional, alguns exercícios de relaxamento podem ser feitos também com o marido em casa.

O tratamento é muito eficaz quando acompanhado pelo médico e por um psicólogo especialista no assunto. Outros tipos de tratamento obtêm algum sucesso, como o uso de tranqüilizantes e sedativos, para vencer a fobia da paciente. Estes devem sempre ser acompanhados de uma supervisão médica.

Se não for tratado, o vaginismo pode persistir, impedindo o casal de ter relações sexuais e de ter filhos. Conforme dito anteriormente, esta situação pode ser muito desagradável para ambos e levar ao fim do casamento. Uma terapia sexual, em conjunto com a orientação médica, pode ser uma excelente opção para a mulher que busca solucionar este problema e desfrutar do prazer sexual sem qualquer dor ou constrangimento.

O sexo é um presente precioso de Deus ao homem e a mulher. Para que ambos desfrutem integralmente desse prazer é preciso haver diálogo, compreensão e busca incessante pelo melhor que um casamento feliz e completo pode proporcionar.

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Por: Pr. Psic. José Gomes Chácara Junior

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