Gosto muito da pergunta que entitula este artigo. Apesar de usá-la constantemente em aconselhamentos e palestras, ela não é minha. Na verdade, foi baseada em uma experiência familiar vivida pelo poeta maranhense Ferreira Gullar, que recentemente ocupou uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e que por si mesma é uma grande lição de sabedoria. Ele, ao discutir com sua esposa, a atriz Thereza Aragão com quem foi casado durante 40 anos, chegou a um nível tão intenso que, em determinado momento, levantou-se e abandonou a conversa. Na opinião de Gullar, ele até ganhou a discussão: “ganhei, mas mas não levei”, afirmou. A partir desse momento, refletiu bastante e concluiu: “Não quero ter razão, quero ser feliz”.
Há muita verdade e coerência nesta frase, pois nos revela que, às vezes, nas mais variadas áreas da vida, é fundamental sair do ringue de combate, ceder, abrir mão de disputas mesquinhas e ir em busca da tão esperada felicidade. Afinal de contas, quem não quer ser feliz? Por que não ser feliz? Sustentar uma discussão ou briga com as pessoas com quem nos relacionamos só serve para trazer sofrimento e isso pode ser evitado. Dentro de uma família, por exemplo, não pode haver adversários, nem vencedores e vencidos. Como em uma equipe, ou todos ganham ou todos perdem. Não estou querendo dizer que você precisa abrir mão de suas opiniões ou ser uma pessoa passiva e apática. Mas, entre querer ter razão ou ser feliz, experimente ficar com a segunda opção. Você vai gostar da ideia.
A vida em família geralmente é cercada de muita expectativa. Quando os noivos entram no casamento, carregam consigo muitos sonhos em torno da construção de um relacionamento feliz, estável, próspero, bem sucedido, com filhos saudáveis, obedientes, etc. Tudo parece muito simples e fácil na fase da descoberta da pessoa amada, na lua-de-mel e nos primeiros anos da vida a dois. Entretanto, as circunstâncias logo deixam ir “por água abaixo” todos os sonhos e expectativas, chegando à conclusão de que a família que idealizavam e que começaram a construir não passava de um castelo de areia. Muitos casais concentram todas as esperanças de uma família alegre e realizada, nos filhos que virão ou que estão crescendo, mas, ao longo dos anos, verificam que com o crescimento da família, crescem também os problemas e as coisas tornam-se cada vez mais difíceis de administrar.
Apesar da sua origem divina, da beleza e da bênção que o cerca, manter um casamento não é fácil. Aliás, é muito difícil. Os muitos divórcios, bem como a tendência cada vez maior de uniões temporárias e informais, sem compromissos mútuos, o comprovam. Em muitas famílias, com o passar do tempo, o príncipe vira um sapo ranzinza; a princesa se transforma em uma megera indomável e os filhos, antes bonzinhos, agora rebeldes e problemáticos. Assim, assiste-se hoje à desestruturação e ao desmoronamento de muitos lares.
O casamento é difícil por várias razões, especialmente por causa das diferenças entre os cônjuges. São duas pessoas de sexos, temperamentos e históricos diferentes. Ambos precisam aprender a arte de conviver – “ter convivência, ter intimidade, viver com outrem” (Michaelis), viver com ou ao lado do cônjuge. Marido e mulher, com suas individualidades, filhos com idades e personalidades diferentes abrigados sob um mesmo teto, acarretam, muitas vezes, dificuldades em se manter um relacionamento familiar tranquilo, saudável e estável. Junto a esses fatores somam-se as tensões de um mundo em crise, as influências dos meios de comunicação agravando a já bastante desestabilizada família moderna. Diante da preocupante situação, o que deve ser feito?
Ninguém precisa se omitir e deixar de ler os deveres conjugais, destacados por Paulo em Efésios 5.22-33, a não ser que a leitura seja machista (problema antigo) ou feminista (problema moderno). Paulo é muito equilibrado e combina a submissão feminina com o amor masculino e a referência para ambos é a união de Cristo com a Igreja. A felicidade conjugal torna quase impossível a infidelidade, por exemplo. A felicidade conjugal traz segurança aos filhos. A felicidade conjugal faz do lar um ambiente acolhedor e fraterno. Na dúvida, experimente. Na sequência da leitura, a recomendação é para pais e filhos (Efésios 6.1-4) e para patrões e empregados (Efésios 6.5-9).
Muitas pessoas, sem perceber, se envolvem em intermináveis discussões sem nenhuma razão ou por puro orgulho ou imaturidade. Daí, perdem um tempo precioso e desperdiçam o melhor da vida. Quanta bobagem! Quanta perda de energia! Quanta infelicidade por tão pouco! Nada disso vale a pena. Discussões familiares, entre amigos ou entre chefes e subordinados poderiam ser evitadas com esse simples pensamento: “Não quero ter razão, quero ser feliz”.
Há de se destacar que Gullar não precisou abrir mão do casamento para ser feliz, mas compreendeu que precisava trocar o “egoísmo” pelo “altruismo”, o “eu” pelo “nós”, o “meu” pelo “nosso”. É nesse contexto e diante desse desafio que a Bíblia nos orienta a alicerçarmos nossas vidas, famílias e negócios em Cristo Jesus (Mateus 7.24-25). Ele é a base permanente para a felicidade humana, em todas as áreas e sentidos. Agora, vá e faça o mesmo. Seja feliz de verdade!
– E ai, como está esta questão em seu casamento? Escreva abaixo o que você achou do artigo.
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Escrito por: Pr. José Paulo Moura Antunes.