Brinquedos sexuais

Até que ponto um casal cristão deve se deixar influenciar pela cultura em seu relacionamento íntimo? Que limites deve haver para este relacionamento naquelas áreas que a Bíblia não tem uma orientação específica?

As respostas para tais perguntas não podem ser simplistas, pois envolvem uma dimensão profunda do relacionamento humano que é a sexualidade. Para isso quer iniciar estas respostas com uma pequena reflexão bíblica e depois analisar as dimensões psico-emocionais.

Ao nos depararmos com questões similares a esta, adentramos a uma discussão que permeia todo o Novo Testamento, que é a polaridade entra a LEI e a GRAÇA. Como em várias igrejas fundadas por Paulo em suas viagens missionárias, algumas pessoas vinham de uma educação judaica, com todos os ritos e leis pertinentes a esta educação, enquanto outros eram pagãos (gregos) com outros modelos formacionais.

Não foram poucos os desentendimentos entre estes grupos que possuíam distintas opiniões sobre o que era certo ou errado na perspectiva cristã. Exemplos como o de Romanos 14; I Coríntios 8 e 9; Gálatas 1; e outros nos falam da intervenção de Paulo, através de suas cartas divinamente inspiradas, a questões que tinham diferentes interpretações entre judeus convertidos e gentios ou pagãos convertidos.

Os judeus, com toda sua história de leis e mais leis para agradar a Deus, acreditavam que, mesmo que a salvação viesse pela GRAÇA, as prescrições da LEI deveriam ser observadas na conduta moral. Já os pagãos acreditavam que a liberdade trazida pela GRAÇA lhes outorgava o direito de relativizar toda e qualquer conduta.

Hoje em dia, em certos campos da conduta como o da sexualidade, parece-nos que tal discussão ainda não terminou. Num extremo existem pessoas que “legalizam” o relacionamento íntimo com o cônjuge porque vêem de um ambiente onde intimidade estava associada a pecado, perversão ou lascívia e assim argumentam que qualquer expressão da intimidade do casal que não seja o sexo visando a reprodução é pecaminosa. Estas pessoas tornam-se distantes afetivamente de seus cônjuges e podem causar sérios problemas na relação matrimonial.

Num outro extremo estão as pessoas que afirmam que não se pode ser legalista no relacionamento conjugal e o que acontece ‘da porta do quarto do casal para dentro é problema somente do casal’, independente do que o casal resolva fazer. Tal postura pode levar a um excesso de libertinagem que igualmente trará sérios problemas no relacionamento conjugal.

Como toda a orientação bíblica, o equilíbrio em todas as coisas é o ponto ideal a ser atingido. Mas como saber qual é este ponto de equilíbrio, sem pender para um ou para outro extremo?

Em primeiro lugar deve-se ter a noção clara do conceito de PECADO e da liberdade que a GRAÇA de Deus nos outorga. A epístola de Judas afirma que algumas pessoas transformam a ‘graça de nosso Deus em libertinagem’ (Judas 4). Assim, devemos buscar ler e conhecer cada vez mais a Bíblia e os conceitos de graça e de pecado. Preferencialmente estudar a Bíblia em pequenos grupos, pois as várias interpretações dos irmãos podem corrigir eventuais distorções de interpretação que uma pessoa sozinha pode cometer.

Segundo é necessário ter em mente que Cristo reduz TODA a lei em dois mandamentos: amar a Deus e AO PRÓXIMO (inclusive seu cônjuge – que é o próximo mais próximo). Ora qualquer atitude para com o outro que esteja baseada no desrespeito, imposição, constrangimento ou violência é um ato de DESAMOR e portanto pecaminosa.

Com esta reflexão bíblica em mente, podemos nos voltar às questões levantadas no início de nosso texto.

Creio que num relacionamento conjugal entre cristãos maduros deva haver muita liberdade, mas não usar da liberdade para transformar em libertinagem. A Palavra de Deus nos alerta que devemos ter uma mente crítica e ‘crística’ em relação aos padrões sócio-culturais que nos rodeiam, a fim de experimentarmos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rom. 12:2).

Ora, pensar criticamente a realidade é não engolir tudo que se vê e ouve por aí como verdade. Os filmes, novelas, internet, programas e entrevistas de televisão estão cheios de LIXO que entra em nossas mentes e, como todo lixo, lentamente vai APODRECENDO. Só porque o seu programa de variedades de domingo à noite traz um sujeito que se diz ‘expert’ falando que fazer sexo pendurado de cabeça para baixo é a melhor coisa que uma pessoa ‘normal’ pode realizar, não devemos engolir isso como verdade.

Aliás tem muita gente que esquece tudo que ouviu no culto de domingo quando chega em casa e liga a TV em seu programa de variedades – e guarda o lixo que escuta ali como sua verdade para a semana.

Renovar a mente significa efetivamente não deixar o lixo da mídia e/ou da cultura entrar, mas questionar sempre se isso está de acordo com padrões de saúde, se isso trará crescimento no relacionamento e proximidade com o cônjuge; ou se serão somente atividades egoístas nas quais eu estou pensando nos meus ganhos pessoais (prazer pessoal) e esqueço do afeto e do cuidado ao outro enquanto pessoa.

Que tipo de brincadeiras e/ou brinquedos incrementam nossa intimidade e que tipo de brincadeiras/ brinquedos nos afastam um do outro e de Deus? Essa é uma reflexão crítica! Há coisas que eu posso fazer para proporcionar uma intensificação do afeto no meu relacionamento do outro e, por conseguinte ter um maior desfrute? Estas brincadeiras/brinquedos partem de um profundo sentimento de respeito e afeto pelo outro ou são somente ‘ilusões egoístas’ inculcadas em minha mente pela mídia e/ou cultura?

A título de exemplo para clarificar o que quero dizer: Um marido pode brincar com a esposa durante o relacionamento sexual, acariciando o corpo dela com uma pena. Isso pode gerar cócegas, ser divertido, pode gerar um nível maior de diálogo entre o casal e como conseqüência aprofundar a intimidade. Por outro lado, brincadeiras que causem dor ou constrangimento só afastarão o casal entre si e não atingirão o resultado esperado.

Desta forma, o casal deve ter, no diálogo, a ferramenta essencial para a construção da intimidade e do prazer. Diálogo não persuasivo ou impositivo – pois assim não será diálogo, mas construtivo e concordante.

Para concluir lembro as palavras do apóstolo Paulo que afirma em I Coríntios 6:12 e repete em I Coríntios 10:23 que, mesmo as coisas sendo lícitas, elas nem sempre convém e nem sempre edificam. Que estas palavras sejam um norte para a construção de uma sexualidade saudável entre o casal cristão, e que a liberdade da graça não seja solapada pela libertinagem da mídia e da cultura.
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Por: Pisc. Carlos “Catito” Grzybowski

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