“Estou muito receoso com o resultado do exame de seu pai”. Parece que estou vendo o médico falar para mim e meu irmão a respeito da previsão de um possível câncer de próstata. Ele já sabia que o resultado apresentaria malignidade. Ele estava apenas nos preparando. Meu pai, tinha na época, 60 anos. A semana passou e o resultado, que já era esperado, apenas se confirmou. A partir dali, começava uma batalha contra o carcinoma. Meu pai teve uma sobrevida de doze anos, mas os últimos três anos foram de extremo sofrimento. Tanto para ele quanto para toda a família. O câncer criou metástase e atingiu a estrutura óssea. Foram anos de dor, lágrimas, radioterapia, internações, transfusões de sangue e tantas outras coisas. Meu pai faleceu em agosto de 1995.
Sentimos, até hoje, sua falta, mas foi, ao mesmo tempo, um momento de alívio. Já não suportávamos tanto sofrimento sem nenhuma perspectiva de melhora. Sua qualidade de vida tinha chegado quase a ‘zero’, se assim podíamos definir.
Por que estou escrevendo estas linhas? Não se trata de uma tortura pessoal lembrar destas coisas. Escrevo apenas para alertar a você, homem, que é preciso deixar o preconceito, as idiotices cultivadas por uma sociedade machista e passar a cuidar de sua próstata.
Convivendo doze anos com este tipo de câncer na família, passei a conhecer um pouco deste mal. Não pretendo, de maneira nenhuma, fazer destas linhas um artigo científico. Até porque não sou médico. Confesso que, convivendo com a doença, passei a ser um agente de saúde, sempre procurando conscientizar as pessoas deste aspecto preventivo. Sempre quando posso, tenho folhetos educativos sobre o tema e entrego aos homens que estão entrando ou já estão na chamada meia-idade.
Creio que, por outro lado, nossas igrejas poderiam fazer um pouco mais neste sentido. A igreja também deve mostrar aos homens que eles precisam se cuidar. Mostrar, através de cartazes, folhetos, boletins e palestras, a importância de visitar o urologista, particular ou do serviço público, periodicamente. Precisamos, também, exigir das autoridades da área da saúde, uma maior atenção à saúde masculina. Está na hora do Governo, através do SUS (Sistema Único de Saúde) desencadear uma ampla campanha de prevenção ao câncer de próstata, a exemplo da campanha do câncer do colo de útero. Devemos, também, demonstrar nossa condenação a toda atitude que fortaleça ainda mais o preconceito, como por exemplo, as infelizes anedotas.
Através de ações concretas, organizações, entidades de classes, igrejas, associações de moradores, escolas e universidades poderão dar as mãos e realizar um efetivo trabalho de prevenção junto à população masculina, desde a juventude, para que, no futuro, o exame de prevenção do câncer de próstata seja algo rotineiro e despido de toda roupagem preconceituosa que só prejudica o diagnóstico precoce, encurtando a vida de muitos e levando a dor e o sofrimento a tantas famílias.
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Pr. Gilson Bifano
Diretor de OIKOS – Ministério Cristão de Apoio à Família.
oikos@ministeriooikos.org.br
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