A tarde já ia alta. Jesus e seus discípulos já pensavam em despedir o povo, pois cansados estavam.
Os comentários acerca dos ensinos de Jesus se avolumavam através das falas. O burburinho ensurdecia. As horas passavam…
Quando a multidão já se dispersava, outros mais chegavam. Traziam consigo crianças que corriam e gritavam, eufóricas, animadas, para ver Jesus.
Atônitos, os discípulos as cercavam, na boa intenção, talvez, de resguardar seu Mestre.
Entanto, Jesus olhava…
Levantou-se, indignado, e disse, com voz firme e grave: “Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam…”
Enquanto as crianças se desprendiam e corriam em direção a Jesus, ele ainda ensinava: “O reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas…” E, desta vez, já sorrindo para as que perto dele estavam, acrescentou: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”.
E o alvoroço continuava… Eram crianças! Riam, pulavam, exclamavam: “- Jesus, vim te ver!” “- Jesus, estou aqui, olha eu!” “- Jesus, Jesus!”
Sem mais sentir o cansaço, o rosto de Jesus se enternece. Seu coração, repleto de amor e ternura, se derrete.
A cena a seguir é maravilhosa, linda, emocionante. Uma a uma as toma em seus braços. Abraça, beija, sorri, acolhe. Afaga mãozinhas, rostinhos; brincando, despenteia cabelinhos; cura suas enfermidades; distribui afeto, atenção e bondade. E ele também recebe presentes, beijos e abraços.
Em meio a essa alegria, nem se dá conta de que algum tempo já se passara, a noite ia caindo, a primeira estrela brilhava, como um presente reluzente após um dia tão belo.
Por fim, Jesus abençoa cada coraçãozinho, despede-se, feliz, sorrindo, afasta-se, acena, somente depois é que vai embora…
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E pensar que muitas igrejas tolhem das crianças o direito de ser criança, de não poder rir nem correr porque está na igreja.
E pensar que tanta gente é capaz de as agredir, desprezar, rejeitar, humilhar, abusar sexualmente, violentar psicologicamente!
E pensar que tantos pais não tem nem um pouquinho de paciência com elas!
E pensar que tantos adultos não compreendem nem um pouquinho o jeito de ser e as reações delas!
E pensar que gente grande esquece que um dia foi gente pequena, que correu, subiu em árvores ou em mesas, que pulou em camas, que gritou e brincou e esqueceu de comer e de tomar banho.
Que julgamento Jesus fará a respeito de quem age assim com uma criança?
Crianças são crianças!
Acredito que elas nasceram para correr, para brincar, para descobrir e aprender.
Jesus sabia disto e nos deu uma grande lição através das crianças – devemos nos tornar como elas, voltarmos a ser como elas, para entrar no Reino dos Céus.
Amemos e respeitemos as crianças em casa, na escola, na igreja. Sigamos o exemplo de Jesus, o Mestre por excelência, que lhes deu atenção, amor e bênção.
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Por: Psic. Elizabete Bifano