Milhões de pessoas traem no mundo inteiro. Muitos o fazem na escuridão e silêncio de suas escolhas, sem nunca, ninguém jamais saber.
Muitos abraçam o adultério e jamais possuem a capacidade de abrir a caixa de Pandora de sua intimidade e confessar seu pecado, poucos são capazes disso.
No caso da mineira Fabíola, que virou meme, espetáculo e opróbrio, por ter sido flagrada no motel com o amigo do companheiro, foi, contudo diferente.
Em tempo de celular que fotografa, filma, trata imagem, faz compras, emite nota fiscal e as vezes fala, Fabíola foi cercada pela tecnologia que tinha nas mãos e foi por ela exposta ao maior de todos os vexames.
Não tinha visto o vídeo, ate perceber que estava espalhada a história da traidora.
Como já disse gosto mais dos comentários, do que propriamente a matéria em si. Acho que eles expressam sentimentos, cultura, fé, não fé ou outras coisas mais presentes nos indivíduos.
No caso de Fabíola em todos os lugares há uma quantidade enorme de julgamentos, palavras de baixo calão e uma sempre ausente paciência com as escolhas equivocadas dos outros.
Há mais juízes no mundo do que se pode imaginar.
Ninguém trata o homem que estava com Fabíola, com o mesmo rigor das palavras e fervor do ódio quanto é destinado a ela.
Alguns dizem que ela merecia pior, que as agressões que sofreu fazem parte de um ritual masculino, reservado sempre a quem praticou um ato degenerado.
Fabíola errou? Sim, e alguém de bom senso duvida disso?
Contudo, tratá-la como um lixo, expô-la e demoniza-la, é apenas condenar à morte emocional alguém que fez uma escolha errada e que trouxe sobre si já o peso dessa desdita.
Mas e porque os homens podem bater nela? Por que podem expô-la à exaustão para milhões de pessoas, um problema que não precisava ter atravessado paredes de uma sala qualquer?
É que a vingança do namorado de Fabíola alimenta a sede de vingança, de todos!
Fabíola cometeu um erro, sim, mas seu maior erro foi ser a mulher nesta história toda!
Safada, sem vergonha, despudorada, e outros adjetivos impublicáveis, nunca mais sairão de seu currículo pessoal, que não a impedirá de existir, mas por certo, a impedirá de viver.
Me recordo do Cristo, que teve que julgar uma Fabíola deixando o motel. Ela foi levada a ele, sem o homem com quem deitara, pelos raivosos e traídos, com celulares na mão gritando ensandecidamente: “Que papelão hein Fabíola!” Ao que o mestre sóbria e docemente a ilumina com uma palavra que ecoou na história – Nem eu te condeno, vá e não peques mais!
Agora, por favor, se for comentar que “quem planta colhe”, eu lhe direi, que seu rancor, ódio ou pré conceito também é semente plantada em algum lugar.
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Por: Pr. Wellinson Magalhães