Meus filhos – Nossos filhos?

Há algum tempo, ministrando um trabalho em grupo com casais, um dos participantes trouxe a questão: como devo agir com os filhos dele? Os meninos não querem me obedecer; o relacionamento está muito difícil.

O que há por detrás desse comportamento? Torna-se necessário fazer esse questionamento por não ser natural a criança adotar esse tipo de comportamento à toa.

É preciso levar em consideração a dificuldade que muitas crianças têm em aceitar que alguém tome o lugar de seu pai ou de sua mãe. As figuras paternas, uma vez conhecidas, são únicas para a criança. É difícil para ela aceitar que há outra pessoa no lugar deles.

É preciso compreender os sentimentos e o que está se passando com a criança. Se ela não está morando com seus pais biológicos é porque passou por uma experiência, no mínimo, dolorida e frustrante. Seus sentimentos podem se evidenciar através de um comportamento melancólico, agressivo ou até mesmo num por estado de reclusão absoluta. Sendo assim, a hostilidade demonstrada pode ser uma forma de proteger-se de dores já vividas: a perda, o abandono. É como se não gostar e “não ser gostado” lhe poupasse sofrimentos futuros.

Muitas vezes, a criança é tomada por um sentimento de culpa pela separação ou morte de um dos pais, como se fosse a causadora de tal fato (por não ser “boazinha” o tempo todo, um dos pais foi embora).

O que fazer? Primeiro, não queira tomar um lugar (no coração da criança) que não é seu, por mais que você queira ou por melhor que seja o relacionamento entre você e os filhos de seu(sua) parceiro(a).

Em segundo, a conscientização do que você não é vai ajudá-la(o) a definir o seu papel e, este, é você quem escolhe: madrasta (padrasto), amiga(o), colega, tia(o). Quem sabe não será melhor se você puder ser um pouquinho de cada um: a(o) madrasta (padrasto) que educa e corrige; a(o) amiga(o) que conversa, ouve e entende; a(o) colega que faz companhia e a(o) tia(o) que brinca e ri junto? E isto não é mais nem menos do que os verdadeiros pais devem fazer!

É possível ter um bom relacionamento com os filhos dele(a) mas, para isso, respeito entre vocês é essencial. E respeito a gente não impõe, conquista.

“Bater de frente” com a criança ou com o adolescente que mostra rebeldia ou revolta não ajudará em nada, mas agir com firmeza e carinho, conversar claramente sobre as dificuldades de cada um e buscar soluções razoáveis, certamente vai facilitar a integração do seu novo grupo familiar.

Infelizmente, não temos “receita pronta” quando se trata de gente e relacionamentos, pois neles precisamos investir uma grande quantidade de compreensão, amor, respeito e cooperação mútua. Consulte seu coração, analise o que está acontecendo e avalie o que precisa mudar. E mãos à obra! Há um grande trabalho a fazer: (re)construir uma família. Com as bênçãos de Deus, este trabalho terá um valor eterno.

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Por: Psic. Elizabete Bifano

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