Com direção de Robert Zemeckis, roteiro de William Broyles Jr. e a excelente atuação de Tom Hanks como Chuck Noland, e ótima participação de Helen Hunt como Kelly, este filme, lançado no ano 2000, é um belo e profundo depoimento sobre as temeridades e desafios da solidão humana.
Chuck Noland é um homem bastante dedicado ao seu trabalho como inspetor da FedEx. Viajando pelo mundo, mal tem tempo para os assuntos da vida sentimental e familiar. Numa dessas viagens, o avião em que viajava sofre um acidente. Sozinho numa ilha, sem os aparatos da vida moderna, ele passa a lutar contra todas as dificuldades físicas e emocionais inerentes a uma situação como essa.
Repleto de cenas emocionantes, este é um filme que nos faz rir e chorar, além de deliciar nossos olhos com a paisagem da bela ilha.
Creio que filmes não são apenas uma forma de lazer. Através de suas histórias, temos a oportunidade de refletir, de nos identificar com algum personagem, de dar vazão às emoções, de aprender e até de mudar algo em nossas vidas.
Em Náufrago, refletimos e aprendemos, principalmente, sobre a necessidade de relacionamento que o ser humano tem. Para driblar sua profunda solidão, Chuck relaciona-se com um amigo imaginário – Wilson, uma bola de vôlei que fazia parte das encomendas a serem entregues pela companhia em que trabalhava.
Antes um homem ocupado e um tanto frio nos relacionamentos, agora um homem que encontra num objeto um aliado para sua sobrevivência.
Uma das cenas mais emocionantes do filme é aquela em que Chuck, angustiado e desesperado por causa da situação em que vive, joga o “amigo” para longe. Em pouco tempo, a angústia de estar só o mobiliza a sair em busca de Wilson. Cena comovente.
Isto deve nos ensinar a dar mais valor às pessoas com quem convivemos, a quem amamos.
O ser humano precisa de relacionamentos para viver, precisa da família, dos amigos – amigos mais chegados que um irmão. Mas existem pessoas que não sabem cuidar nem cultivar os relacionamentos. São pessoas orgulhosas que menosprezam o outro; são pessoas que não se gostam e não sabem gostar do outro; são pessoas egoístas que só querem para si e não sabem dividir; são pessoas individualistas que só sabem mandar e não sabem pedir por favor, tampouco voltam para agradecer.
Pessoas que chegarão ao fim de seus dias sozinhas e amarguradas, pois não souberam nem se deram ao trabalho de conquistar pessoas, amizades, afetos.
A maior e melhor chance que temos na vida de obter relacionamentos profundos, verdadeiros e duradouros é no seio da nossa família. Veja se você está jogando fora algum destes relacionamentos e corra atrás. De maneira que, se algum dia, você estiver no lugar de Chuck, não venha a chorar lágrimas de arrependimento por ter jogado fora relacionamentos importantes ou desprezado ou maltratado pessoas a quem deveria cuidar, respeitar e amar.
____________
Por: Elizabete Bifano