E foi para ele um longo dia
Dia amargo, dolorido, pesado…
Seu corpo enfraquecia, até fraquejava
Um sentimento em seu coração o moía
E sua alma agoniava.
E o Pai… Onde estava?
Sem dizer nada ele seguia seu caminho
O caminho que lhe haviam designado…
E ali, ele não era mais que um frágil cordeiro
Estava abatido, cansado, humilhado
Mas continuava calado.
E o Pai… Qual era o seu paradeiro?
O desfecho final, sem piedade viria
Terríveis momentos ainda viveria
Quando palavras proferiu, a turba, alucinada, riu…
Não sabia reconhecer tanta sabedoria
Nem ver o que a natureza mostrava.
E o Pai? Ele não se apiedava?
Enquanto as trevas o dia claro enegrecia
A tristeza e a dor lhe esmoreciam
As forças lhe abandonavam, ele suava
Gotas com forma de coração, de perdão, de oração
Por todos aqueles que ele eternamente amaria.
E então, pelos nossos pecados, o Pai lhe abandonava.
Na dura lápide, depressa, seu corpo colocaram
Com uma grande e fria pedra, sua morte selaram…
A inexorável lei deveria ser cumprida, obedecida
Em seu túmulo deixaram o Filho morto
Há solidão em volta, é noite já no horto
E o coração do Pai? Quieto e dolorido aguardava…
Era cedo da manhã terceira, desde que tudo começara
Quando a luz brilhou sobre o corpo inanimado
Seu rosto foi descoberto e contemplado
Fazia muito tempo já, desde que o abraçara
Um toque apenas bastou, o Pai da Vida fez a Vida.
E, nesse exato momento, o Pai chorou.
Quando do túmulo a pedra foi removida
Não se encontrou ali a presença mui querida
– Para onde levaram meu Senhor, aquele que me salvou?
E ele, sorrindo, cheio da graça, de amor e ternura
A ela despede com paz e candura.
Sim! Da morte, o Pai, o seu Filho resgatou!
——
Por: Elizabete Bifano
Rio, 29.3.2010