Os Croods – A busca de uma família por sua nova casa

Este filme, (Amazon Prime Video, Globoplay, Claro tv+, ) apesar de ser de animação infantil, não tem o humor como ponto forte, mas é emocionante e aborda questões importantes da vida familiar. Trata-se de uma família do período das cavernas composta por um casal, três filhos e uma sogra (mãe da esposa), surgindo depois um jovem bem diferente dos componentes dessa família. Viviam em uma caverna que era tida como o lugar da união e da proteção.

O líder dessa família era um pai extremamente protetor, cauteloso e que mantinha as regras acima de qualquer coisa, mesmo que isso contrariasse ou magoasse algum outro membro da família. Apesar de muito forte, era medroso justamente porque sempre se preocupou demais em proteger sua família dos perigos da escuridão da noite.

Estava mais preocupado em manter seus familiares vivos do que viver. A família sempre o obedecia confiando em sua liderança e autoridade; porém, por questão de costume e hábito, se deixavam levar por sua teimosia e cuidado excessivo, sem questionar. A maior dificuldade desse pai estava em aceitar o diferente, o “novo”, e isso o tornava uma pessoa “engessada”, pouco aberta às tentativas e novas experiências.

Mesmo sendo das cavernas, os conflitos, as diferenças e os problemas da família são bastante atuais. Quero destacar o ponto “CAVERNA X MUNDO LÁ FORA”, referindo-me a ideias do filme como “Escuridão X Luz do Sol”, “Regras X Liberdade”, “Medo X Experimentar o novo”, “Se esconder X Viver”, “Hoje X O Amanhã”. Podemos identificar perfeitamente nessa história alguns problemas vividos por famílias que estão mais preocupadas em fazer as regras funcionarem a fim de mostrar poder e trazer segurança do que em permitir que vivam de verdade as experiências de cada idade, mesmo que para isso seja necessário correr certos riscos. Viver com muitas regras a seguir e pouco amor para dividir é como viver em uma caverna, pois isso pode aprisionar e afastar os membros da família.

O que adianta pais e filhos viverem sob o mesmo teto se os pais não estão interessados e simplesmente não querem deixar e nem ajudar seus filhos a viverem suas vidas com liberdade? Deixo claro que essa liberdade se baseia em um relacionamento de confiança mútua e respeito, bem como na obediência à regra principal de vida que é a Palavra de Deus. Porém, sem relacionamento não há confiança e sem confiança não há liberdade. O filme mostra uma filha frustrada pela falta de liberdade para experimentar a vida e, no final do filme, ela se encanta com algo novo que o pai nunca havia lhe dado: um abraço, e é quando ela diz para ele que o ama.

É difícil mesmo para os pais aceitarem que chega uma hora em que os filhos devem ter suas próprias experiências por acharem que eles não são capazes ou não estão preparados. Às vezes, é difícil aceitarmos, ou ao menos tentarmos algo novo, novas possibilidades e novas experiências, afinal, o desconhecido nos causa medo e acabamos nos prendendo em nossas crenças e ideologias.

Muitas vezes temos medo de mudar porque estamos preocupados com o julgamento do outro, se dará certo ou não, e, dando errado, a culpa será de quem? Qual será o preço a ser pago e quem pagará (os pais ou os filhos)? É bom lembrarmos que é só experimentando que amadurecemos e ganhamos confiança em nós mesmos, e é assim que passamos a conhecer as emoções e os sentimentos das novas experiências, sejam de sucesso ou não. Isso acontece com todo mundo, inclusive com nossos filhos, então, por que impedi-los? Por que não ensiná-los sobre o “Mundo lá fora” e os riscos que poderão correr? Os filhos de hoje são os pais de amanhã; então, como será o amanhã de seu filho?

O filme retrata um momento de crise quando a família se depara com o fato de não terem mais a sua caverna, destruída pelo fim do mundo; logo, estão expostos a toda e qualquer situação surpreendente, perigosa e fantástica. Todos se veem obrigados a viver e não mais a se esconder. São intimados a passar de forma individual por situações inusitadas, as quais requerem criatividade e coragem. É assim que temos ensinado nossos filhos a viverem?

Capazes de se cuidarem e se defenderem? Temos permitido que nossos filhos saiam em busca da luz do sol, ao invés de ficarem sempre no “escuro” da caverna? Se queremos criar filhos independentes e capazes, não os deixemos esperando-nos dizer o que eles devem fazer, mas vamos ensiná-los a viver dizendo a eles que “nunca tenham medo” (frase do filme). Então, esconder ou deixar viver o hoje para que tenham um amanhã?

Que amanhã você tem permitido e ajudado seu filho a vislumbrar? A base é ensinar aos filhos que eles devem ser dependentes tão somente de Deus.

***********************

Por: Psic. Cristiane Sathler

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *