A atração em perder-se no quarto
Resgatar os filhos dos quartos tornou-se uma tarefa parental dos dias atuais. O quarto representa um lugar de descanso e aconchego. Mas, não é exatamente por isso que os filhos andam se perdendo por lá, pois, se observarmos bem, o quarto se tornou o recinto preferido por propiciar um lugar sem intercorrências para o acesso às telas. Especialmente porque ao se acessar as telas para jogos, redes sociais, filmes e seriados, entre outros, o corpo precisa ser colocado em posições, nas quais possa ser largado, sem que precise de atenção. Além do mais, o fato de que todo o resto, que não é o corpo, entrará em um estado de atenção magnetizante para o ambiente virtual, o quarto favorece o isolamento e minimiza as interrupções presenciais. A atração em perder-se no quarto é uma tendência cada vez mais presente em nossos dias.
Acessar telas virou rotina
Onde estão os membros da família? Poderíamos responder rapidamente: acessando telas. Sim, acessar telas virou rotina. Clicar e deslizar os dedos vai-se tornando em hábito que permeia todos os espaços do cotidiano e as formas de conversar e interagir perpassam pelas redes sociais. Dessa forma, os aplicativos vão gradativamente ocupando o lugar do toque, do beijo, do abraço e do olho no olho. Acessar telas vai-se transformando num hábito de distração para o tédio e as frustrações. Apertar botões parece ser mais fácil do que processar e monitorar as emoções difíceis. As crianças e adolescentes utilizam dispositivos, videogames e a internet, em idades cada vez mais precoces, a cada momento e em qualquer lugar, sendo o quarto o lugar preferido.
Filhos perdidos nos quartos podem estar em risco
Quando os filhos estão perdidos nos quartos acessando telas, significa que estão diante de um vasto território de interatividade virtual. Esse território pode ser um ambiente de importantes aprendizados, mas, ao mesmo tempo, pode ser uma terra sem lei, em que coabitam gente de bem com gente extremamente mal intencionada. Portanto, pais precisam resgatar os filhos dos quartos e monitorá-los nos acessos às telas.
Filhos perdidos nos quartos tem sono restrito
A restrição do sono contribui para o aumento de ansiedades e depressões. Portanto, acessar telas restringindo o sono é péssimo para a saúde psíquica. O excesso de exposição à luz refletida pelo visor, reduz a produção do hormônio indutor do sono, a melatonina. A falta de produção da melatonina, por sua vez, dificulta a condição de adormecer e favorece o aumento dos despertares noturnos na madrugada. Além disso, a má qualidade do sono também interfere na solidificação das memórias e dos aprendizados obtidos ao longo do dia. Esse aspecto interfere no rendimento escolar, que pode apresentar um declínio preocupante. Qualquer pessoa que tiver restrição de sono poderá desenvolver alguma instabilidade psíquica, quanto mais as crianças e os adolescentes. Resgatar os filhos dos quartos envolve monitorar o sono deles, para garantir que durmam adequadamente o suficiente.
Filhos perdidos nos quartos podem desenvolver intolerância à frustração
Outro aspecto correlacionado ao aumento de ansiedades e depressões, em relação ao uso irrestrito de telas, é a intolerância ao que é entediante e frustrante. Crianças e adolescentes, diante de exposição prolongada a jogos que dão pontos, por exemplo, ocorre uma liberação considerável de dopamina, que é um hormônio neurotransmissor cerebral do bem-estar. Nada de errado com a liberação desse hormônio. No entanto, a dificuldade se estabelece pelo fato de que não é liberada de forma tão intensa em outras ocasiões. Diante do que os cenários da vida real podem se tornar entediantes, incluindo a escola, os estudos, bem como a vida social e familiar. Diante desse quadro, resgatar os filhos dos quartos se torna imperativo.
O comportamento de ausência
Com tanto acesso às telas vai-se estabelecendo um novo tipo de comportamento, o comportamento de ausência. No acesso às telas, ocorre um deslocamento mental, emocional e sensitivo para o espaço virtual acessado. O corpo ainda está ali, mas o restante está em viagem, quase como em uma abdução alienígena. Dessa forma, mesmo que pais e filhos, ou cônjuges, estejam sentados lado a lado, não estão verdadeiramente presentes, pois o comportamento é de ausência.
Ainda é preciso dizer que não são só os filhos que andam se perdendo nos quartos, porque até mesmo os pais andam se perdendo por lá.
Infelizmente, com o comportamento de ausência, surge um cenário familiar em que as pessoas da família, que são as pessoas reais, se tornam cada vez menos interessantes diante de cenários e pessoas virtuais. A reunião familiar ocorre mais em torno do celular, do que em torno de uma mesa posta. Dessa forma, os familiares estão conectados virtualmente, porém desconectados presencialmente, juntos, porém separados.
Os pais nativos digitais
Os pais da atual geração de crianças e adolescentes, também nativos digitais, nem sempre percebem as mudanças e as influências do uso em excesso das tecnologias digitais para o desenvolvimento de seus filhos. Muitas vezes demonstram falta de bom senso devido à pouca informação adequada, ou até mesmo inexistente. As tecnologias digitais chegaram para ficar e a ideia não é combater, mas, aprender a conviver com elas de forma favorável para a saúde. Portanto, é necessário que pais se informem e promovam propostas mais saudáveis para a vida familiar.
SAINDO DO QUARTO
Saia do quarto. Resgate-se antes de resgatar seu filho. O auto resgate dos pais facilita o resgate dos filhos. Seja exemplo para seus filhos no uso adequado das tecnologias digitais. Os adultos precisam dar o exemplo. Pais imersos e absortos em seus celulares podem gerar pouca conexão emocional, os vínculos familiares podem se tornar fragilizados e maiores conflitos podem surgir na família, que tendem a aumentar, na medida em que os filhos crescem.
CONVIVENDO COM A NATUREZA
Leve seu filho para conviver com a natureza. O contato com a natureza ajuda a relaxar, a lidar melhor com as emoções e facilita o desenvolvimento da inteligência emocional, relacional e espiritual. O déficit de natureza tem sido reconhecido como um dano para a saúde física, emocional, relacional e espiritual. Inclua a natureza na vida da sua família. Um piquenique pode ser uma boa ideia.
CONVERSANDO E COMPARTILHANDO IDEIAS
Cuide da comunicação familiar com coisas simples, como conversas durante o jantar, refeições sem celular. O universo digital é como a rua, onde tem pessoas de todos os tipos, boas e más, também tem perigos aparentes e escondidos. Por isso, os pais devem manter esse assunto atualizado nas conversas familiares. Conversar e compartilhar ideias promove maior sobriedade e interatividade sobre o assunto.
RECUPERANDO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR
Desligue as mídias para que conversas sejam promovidas de forma espontânea. Desligar para LIGAR. Desconectar para CONECTAR. Construa um ambiente agradável. Conte histórias. Mantenha o contato físico, do olhar, do toque, do carinho e do afeto ao invés de mensagens de texto e emojis.
OLHE NOS OLHOS! AME! ABRACE! ESCUTE! CONVERSE! BRINQUE JUNTO! SORRIA! CHORE! HARMONIZE! PARTICIPE DA VIDA DE SEUS FILHOS!
DESLIGUE AS TELAS de vez em quando E SE DÊ A CHANCE DE PERCEBER QUEM SÃO AS PESSOAS DA SUA FAMÍLIA
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Artigo extraído do site: https://ricmais.com.br/