Superando os traumas da separação

Quando perdemos alguma coisa, experimentamos a privação de não termos mais aquilo de que gostamos.

Muitas vezes sofremos até mesmo por perdermos um objeto do qual gostávamos muito, um animalzinho de estimação, entre tantas coisas. Quando se trata de perder alguém que amamos, então a dor é mais que infinita.

Elaborando o luto

Em diversas fases da vida, a experiência do luto é vivida por nós.

Qual de nós, quando temos filhos, não sentimos aquela saudade enorme dos nossos bebezinhos que vão crescendo tão rápido, deixando nosso colo vazio?

Qual é o pai ou mãe que não sente um frio na alma quando percebe que não tem mais seu filhinho, que ele tornou-se um homem?

Quantos de nós, quando éramos crianças, não ficamos tristemente frustrados pela perda de um brinquedo ou com a morte de um bichinho de estimação?

Essas experiências, de maneira nenhuma são prejudiciais. Elas devem nos ensinar a lidar com as frustrações, a aceitar as perdas e a continuar a viver.

É muitíssimo importante reconhecer que jamais poderemos ter tudo que quisermos. É prejudicial para uma criança quando os pais logo tratam de substituir o brinquedo quebrado ou o animalzinho de estimação morto. É preciso que a criança vivencie aquela dor, pois a vida é assim mesmo. Se não, aquela criança crescerá mimada, egoísta e possessiva.

No caso de alguém que perde o cônjuge, seja por morte ou divórcio, é necessário experimentar toda a dor que é sentida.

Alguns sentimentos são experimentados na elaboração do luto. Vamos ver quais são.

  1. Rejeição/negação – É a tendência de não aceitar os fatos como são, não encará-los de frente.
  2. Culpa  – O que foi que eu fiz de errado? Porque Deus está me castigando assim?
  3. Remorso – Pelo sentimento de culpa ou pelo que deixou de fazer pela pessoa que se foi.
  4. Ira  – Muitas vezes até mesmo para compensar aquilo que deixou de fazer pelo outro; sente raiva daquela pessoa que lhe deixou, apesar do seu amor por ela. Ira de Deus por lhe tirar alguém tão querido.
  5. Impotência  – A frustração de não poder fazer nada para reverter a situação.
  6. Depressão – Vem associada à impotência e aos outros sentimentos; tristeza profunda, desânimo, falta de motivação. É o vale mais profundo.
  7. Aceitação  – Aceitar os fatos como são. Que a vida tem um fim com a morte, que a vida traz conflitos, por causa do pecado, que continua apesar de tudo.

É absolutamente normal a pessoa enlutada passar por algumas ou por todas essas fases. São sentimentos que podem ser compeendidos por Deus, pois Ele nos ama e sabe da nossa dor. Temos um intermediário infalível, que é Jesus, que passou pelas mesmas aflições que nós . E o Seu Espírito, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26)

Quando não conseguimos lidar com a experiência da perda, não aceitamos o luto, a vida torna-se insuportável. É comum passarmos por esses sentimentos, mas não podemos viver para sempre com eles. Nosso consolo, nossa força vem de Deus (Rm 8.5,6, 37-39).

Para retomar a caminhada, é necessário colocar todo o passado, o que foi bom ou ruim, aquilo que você imagina que poderia ter feito, ou não, nas mãos de Deus. Precisamos entregar-Lhe todos os fardos, toda a culpa, toda a ira e tristeza para poder prosseguir.

Reorganização

Depois de todo esse processo, de elaborar/vivenciar o luto, começa uma nova etapa da vida: a de se reorganizar, como pessoa e como família. Mas é preciso ter calma, nada como o tempo para ajeitar tudo.

1) Vida Pessoal
O que fazer, agora que está só? Como administrar a vida sozinho? Descobrir novas formas, o que gosta de fazer; procurar os amigos, conhecer a si mesmo e gostar de estar com você mesmo.; ler, ouvir música; estudar (por que não?); namorar de novo? (Só depois que estiver realmente bem); estabelecer alvos.

2) Vida Familiar
Planejar uma nova rotina dos dias e horários – trabalho, filhos na escola ou cursos. A relação com os filhos (nada de ser super), o que é possível fazer? Responder honestamente às perguntas dos filhos, suprir suas carências. Não se envergonhe de chorar na frente deles, isto pode ajudá-los a também expressar sua dor.

3) Vida financeira
Certamente que ela muda. É necessário ir devagar. Fazer os ajustes que for preciso. Se tiver que cortar despesas, converse com os filhos; peça para colaborarem e explique que pode ser uma fase apenas. Encoraje-os. Se for preciso morar com seus pais, que seja apenas por um tempo e que seja também conversado com os filhos. É difícil, mas eles ajudarão. Toda essa experiência fará com que amadureçam mais cedo.

4) Vida Social
Principalmente, para o divorciado, não é fácil enfrentar a sociedade. As mulheres, então, na maioria das vezes são tidas como as culpadas – não foram eficientes para segurarem seus maridos. Os pré-conceitos são inevitáveis

Os viúvos sofrem com o olhar de pena das pessoas. As viúvas precisam correr atrás de pensão e sofrem com anta burocracia e demora.

A pessoa que sofre a perda do cônjuge tende a se fechar em si mesmo e em casa. Há tantas coisas para dar conta sozinha que acaba se isolando. O lazer, os amigos, a família são importantes para nos mostrar que ainda estamos vivos – que podemos sentir prazer, conhecer gente nova e conviver alegremente com nossos queridos. NÃO ESTAMOS SÓS NO MUNDO!

Evitando padrões errôneos

Alguns comportamentos tem sido manifestados pelos descasados. Vamos conhecê-los e evitá-los a todo custo.

* Não denegrir a imagem do pai de seus filhos.

* Não usar seus filhos para atingir seu ex companheiro.

* Não se casar novamente sem antes elaborar suas perdas, conhecer-se melhor e saber o que deus quer para sua vida.

* Não se casar somente para satisfazer suas necessidades sexuais. O casamento não é só isso.

* Não se abster da aproximação de pessoas do sexo oposto com medo de amar novamente e depois perder seu amor. Fazendo isso, pode-se perder a chance de ter ótimos amigos.

* Não perder sua autoestima.

Conclusão:

A Bíblia, o nosso “manual de sobrevivência” nos fala largamente sobre o sofrimento – essa foi a grande conquista que alcançamos pelo pecado. Grandes homens, que em tudo são iguais a nós, passaram por terríveis momentos, por inúmeras perdas: Moisés, Ana, Jó, Davi, Marta, Jesus, entre tantos outros, souberam tão bem quanto nós o que é sofrer. No entanto, suas experiências dolorosas nos proporcionaram mensagens maravilhosas (Dt. 34.10-12, 1Sm 2; Jó 42.5; Jo 11.25-27; Mt 11.28-30).

E são nessas mensagens da Bíblia que devemos encontrar refúgio, alento e forças para prosseguir.

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Por: Elizabete Bifano

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